quarta-feira, 15 de setembro de 2010

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Mito da Caverna de Platão na versão Maurício de Souza



Achei interessantíssimo esta conotação sagaz feita pelo Maurício de Souza em uma das suas histórias. Aqui não estará toda a história (é bom que os instiga a lê-la toda), mas deixarei apenas a idéia central lançada por este grande gênio dos quadrinhos.



Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. E que coincidência! - Diria Platão...

Seria até uma falácia se não fosse tão tristemente real!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Amorosidade - Eugênio Mussak


Amorosidade
Revista Vida Simples nº 93 01/07/2010 - Por Eugênio Mussak

Dizem que falta amorosidade entre as pessoas nos dias de hoje. O que exatamente significa isso? Não seria o mesmo que sentir amor pelo próximo?

- Há dois tipos de pessoas no mundo. As que vivem em estado de egoísmo e as que vivem em estado de amor.

Faz muito tempo que eu escutei esta ponderação de uma pessoa muito amorosa, inteligente e uma pianista excepcional: a professora Adelaide Moritz, minha mestra na música e na vida. Nunca me esqueci de sua análise por dois motivos: porque ao colocar “estado de” antes dos substantivos egoísmo e amor, ela criou uma nova classificação da condição humana; e porque ela qualificou o egoísmo como o antônimo de amor, e não o ódio, como seria de esperar.E ela fez isso porque não se referia ao amor em si, e sim à condição de amar como um jeito de ser.

É quase uma filosofia viver em estado de amor, o mesmo que estar conectado com o mundo por um cordão de luz, que ilumina as relações e as torna sempre agradáveis, independente de serem afetivas, familiares, profissionais ou circunstanciais.

Por outro lado, viver em estado de egoísmo seria o mesmo que criar um cordão de isolamento que afasta as pessoas e condena seu “usuário” a uma vida pobre de espírito e curta de esperança. Viver em egoísmo significa querer só para si, não compartilhar, desconsiderar as necessidades e os sentimentos alheios. Ser um habitante do estado de egoísmo é o mesmo que declarar guerra ao mundo, usando como armas as palavras duras, a desconfiança permanente, o desrespeito latente.

Todos conhecemos pessoas dos dois tipos, mas vou falar aqui do primeiro jeito de ser, claro. Das pessoas que, por índole e por opção vivem em amorosidade, o que não significa que não possam ser duras se isso for necessário para reinstalar a ordem no mundo ao seu redor. Lembro que a professora Adelaide era amada por seus alunos até quando, exigente, mostrava que não estava satisfeita com o desempenho deles. Pessoas amorosas são assim, são amadas porque são amorosas e são amorosas porque não têm medo de ser amadas. Há quem diga que amar é fácil e que ser amado é difícil. Os verdadeiramente amorosos deixam aberto o caminho nos dois sentidos.

Mas é importante esclarecer que ser digno de amor não é ser bonzinho, certinho, modesto e gentil para fazer amigos e influenciar pessoas. Isso é ser polido, amável. “A polidez, é um simu­lacro da moral”, explica o filosofo André Comte-Sponville, que se deu ao trabalho de escrever o Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Ele afirma que agir de modo amável não é ser amoroso, mas é um bom começo. A esperança é que da polidez surja o nobre sentimento, mas nada é certo. Ao preencher o amor que lhe falta, por hábito ou por educação, a moralidade pode virar amorosidade, o seu estado mais alto. Ao atingir esse auge as virtudes se dissolvem e viram uma só, passando a ser praticadas sem artifício, ao natural, com açúcar, com afeto, com amor verdadeiro.

Segundo esta visão, viver em estado de amor pode ser uma opção, algo que pode ser desenvolvido conscientemente, uma atitude que começa na mente e acaba instalando no coração um novo jeito de ser. E o mundo agradece por isso.

A amorosidade seria uma das manifestações da capacidade humana de amar?

Amorosidade não é amor, é um hábito de quem é capaz de amar. Mas, para isso, é necessário viver o amor em si, o que dá mais trabalho do que parece, pois há mais de um tipo de amor, e só seremos completos quando visitarmos a todos. Para melhor entendimento sempre podemos beber da fonte segura do mundo grego antigo, simples e coerente, e reduzir a es­sência do amor a três tons primários: Eros, Philia e Ágape.

O mais primitivo tipo de amor seria erótico. Egoísta, incompleto, é uma espécie de desejo pela falta. A palavra vem de Eros, deus do amor, fruto da união de Pênia, a penúria, com Poros, o faustoso. Filho pobre, sujo, sem sapato, sem teto e sempre faminto, herda do pai a atração pelo belo e pelo bom; é sagaz, caçador, e está sempre a maquinar planos e a desejar mais e mais.

Eros nasceu de um golpe de Pênia, dado enquanto Poros dormia embriagado após a festa de nas­cimento da deusa Afrodite. A deusa da penúria quis aliviar sua condição miserável tendo um filho com o senhor da riqueza, e assim concebeu Eros. Desde cedo ele viveu sob intensa atração ao belo, mas oscilando entre os extremos, pois era pobre porque não possuía nada e era rico porque guardava recur­sos potenciais para gerar novas vidas. Eros quer sempre mais, cobiça sair de si mesmo, corre sempre atrás do saber, da beleza, da fertilidade. É angustiado e insaciável.

Sendo a forma mais embusteira dentre todos os amores, o amor erótico geralmente consuma-se pelo contato sexual. “Na verdade, o amor delas [pessoas apaixona­das] é um egoísmo a dois; elas são duas pessoas que se identificam uma com a outra e resolvem o problema do estado de separação pelo encontro erótico”, diz o psicanalista Erich Fromm. Amor sedento que busca embriagar-se mesmo quando já saciado, ele é feito ausência cheia de vácuo; está sempre à es­preita de alguma completude inacabada, vazia. Assim é Eros.

Apesar de necessário e próprio de nossa condição de humanos incompletos, Eros não representa a amorosidade, apesar de poder ser parte dela como gerador de vida. Este estado começa – sim, apenas começa – a se manifestar através do segundo modelo, o amor Philia, que é fraternal, companheiro. Menos estimulado pela posse, este tipo de sentimento cristaliza-se pela amizade, e seu prazer deriva do simples ato de estar junto, de compartilhar momentos. Philia se alimenta da conversa, do cuidado, da alegria, do compartilhamento. É generoso, mas tem lá seu lado egoísta, apesar de se manifestar como altruísta, uma vez que se coloca sempre a serviço do outro. Seu egoísmo deriva do fato de que ao servir ao amigo sente prazer, por isso serve.

De Philia surgiram nomes, como filosofia, que significa o amor à sabedoria, ao conhecimento, e em zoologia, o estudo dos animais, usa-se a palavra filo para designar grandes grupos de espécies que têm afinidades entre si. Nós humanos, por exemplo, pertencemos ao filo dos vertebrados, porque, assim como os peixes, as aves, os répteis e os outros mamíferos, temos uma coluna vertebral. Pois é, até a ciência foi buscar inspiração nos mitos gregos para explicar suas conclusões.

Bem acima dessas coisas mundanas, como erotismo e amizade, encontramos o amor Ágape, que eleva ao amor a um estado divino, imaculado. Na verdade, ele vai além do amor, é universal, sem predileção nem eleição, é inteiramente desinteressado. Não é paixão nem amizade, mas divino, criador. É ele que dá valor ao que não tem nen­hum valor em si mesmo. Ele não precifica capacidades, concede-as. É a aceit­ação invariável do outro, seja ele quem for, amigo, inimigo ou indiferente.

Quem vive em estado de amor e tem amorosidade como filosofia, experimenta o amor Ágape todos os dias. Este é um tema que não escapou aos filósofos, o que se explica por sua importância. “Na essência, todos os seres humanos são idênticos. Na verdade, somos todos parte do Um”, conclui Erich Fromm, para explicar a amorosidade. “Ser amado precede a graça de amar e prepara o estado de amor” pensa Comte para explicar a origem de tudo.
Platão, em Banquete, põe à mesa duas soluções para explicar a amorosidade: como não podemos fugir de nossa incompletude, temos que direcionar o nosso amor para outros corpos e gerar filhos; ou então ex­pressá-lo por meio da arte, política, poética, ciências, filosofias ou o que for, sempre dando prioridade especial ao belo. “Seguir o amor sem nele se perder, obedecer a ele sem nele se encerrar é transpor umas depois das outras as gradações do amor: amar primeiro um só corpo, por sua beleza, depois todos os corpos belos, depois a beleza lhes é comum, depois a beleza das almas, que é superior à dos corpos, depois a beleza que está nas ações e nas leis, depois a beleza que está nas ciências, enfim, a beleza absoluta, eterna, sobrenatural, a do Belo em si, que existe em si mesmo, de todas as belas coisas que participam, de que proce­dem e recebem sua beleza…”.

Então ser amoroso é ter capacidade de amar pelo amor em si, sem contrapartida, sem interesse, sem posse, assim como uma mãe ama seu filho?

A amorosidade está presente nas relações familiares, mas extrapola este limite e transborda para o mundo humano melhorando as relações. Entre os membros da família, notadamente entre a mãe e o filho a amorosidade ganha profundos contornos de Ágape, mas muitas vezes se perde nesse caminho, pois Ágape pressupõe a não posse, e este é um sentimento que a mãe tem que se esforçar muito para não desenvolver.

Todas as mães amam, mas há mães amorosas e mães possessivas. A amorosa sabe que seu filho nasceu dela, mas não lhe pertence de verdade, prepara o filho para a vida e prepara-se pela deixá-lo partir e viver sua condição de indivíduo, com suas virtudes e defeitos, conhecendo conquistas e riscos. A mãe possessiva é egoísta e controladora. Ela exige amor e entrega porque ama e se entrega. Mas amorosidade não é isso, não é moeda de troca nem objeto a ser compartilhado. O amoroso, ao contrário, é libertário, não retém, não exige, não controla.

Amorosidade é uma condição humana elevada, aproxima as pessoas do conjunto de virtudes, pois nela estão incluídos o cuidado, o respeito, a confiança. A amorosidade é bela, boa e verdadeira. Se Eros, Philia e Ágape são deuses que personificam o amor, a amorosidade é a qualidade que eleva os humanos à condição de deuses. E o amor da mãe é o começo desse treino para sermos divindades, pois é o primeiro, o maior, o mais puro e completo. Só não pode ser egoísta, pois assim perderia a qualidade de produzir amorosidade, uma vez que nesta, encontramos também a liberdade, valor maior e insubstituível.

Assim, concluímos, se amorosidade não é amor, é por ele fertilizada e, ao fazer isso, gera uma sublime possibilidade humana: a de construir a paz, esta insubstituível condição para a felicidade.

Texto publicado sob licença da revista Vida Simples, Editora Abril. Todos os direitos reservados.
OBS: Só para fechar este texto maravilhoso, uma frase bem providencial que Dalai Lama postou em seu twitter:
"The most compassionate form of giving is done with no thought or expectation of reward, and grounded in genuine concern for others."
A forma mais compassivo de doação é feita sem qualquer pensamento ou expectativa de recompensa, e fundamentada na preocupação genuína pelos outros.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Saramago

Infelizmente não consegui postar no dia de sua morte minha singela homenagem. Um dos meus preferidos autores, José Saramago, escritor português e Prêmio Nobel de Literatura morreu na última sexta-feira, dia 18, aos 87 anos, na Espanha. Ele que é tão citado aqui em meu blog, não poderia deixar de ser reverenciado neste momento de luto para a literatura mundial.

Neste link podemos ver uma entrevista de Saramago pós receber o prémio máximo da literatura mundial.

Segue-se um vídeo falando do filme dirigido por um dos meus diretores preferidos, Fernando Meirelles, de um dos meus livros preferidos "Ensaio sobre a cegueira" de José Saramago. Já havia referenciado no meu blog aqui sobre esta obra maravilhosa do livro e do filme, e sobre a emoção do Saramago ao ver o filme pronto. Realmente emocionante!

"Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem." (Saramago)

Companheirismo

Recebi este fofo vídeo e não tive como não postá-lo... recomendo até o final que é surpreendente! Afinal, o amor é o companheirismo, é a cumplicidade, é o apreciar e se deleitar um com o outro até nos momentos mais simples da vida... aiai...


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

House


Como não poderia deixar de ser, esta imagem me marcou muito. Na verdade, a cena. A cena do episódio da terceira temporada reprisado hoje, me emocionou profundamente pela incrível beleza daquele bracinho saindo do ventre da mãe, durante a cirurgia, e tocando o House. Ainda hesitante em aceitar que aquele até então feto era um bebê, ele permite-se tocar a sua mãozinha e por alguns segundos, se despertar para muito além da sua racionalidade.

Mais detalhes pode ser muito bem visto neste blog, que inclusive, acostumado com o jeitão escroto do médico da série, achou a cena água com açúcar demais. Mas confesso, que não pra mim, e olha que gosto da personalidade intrigante de House.

Aqui tem algumas opções de vídeos:

Aqui um vídeo caseiro justamente da cena que falei, mas a imagem não ajuda muito: http://www.youtube.com/watch?v=POR_fxe_4Xc

E aqui um site especializado: http://houseshowsonline.com/episodes/fetal_position.html

Bem, não conseguiria não compartilhar algo de tão lindo. Fica a dica, então!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Brasil


Recebi um PPS que muito me chamou a atenção entre tantos que recebemos diariamente, capazes, a maioria, de nos enfadar por suas repetições. Mas este me chamou a atenção pelo texto que se segue abaixo e por isso, o compartilho aqui.

Os créditos do PPS são de: formatação: Juliana Ramires, Texto: “Estou Velho...”, Autor: desconhecido, Música: “Hino Nacional Brasileiro”, João Alexandre.


"Na cidade de Joinville houve um concurso de redação na rede municipal de ensino. O título recomendado pela professora foi: 'Dai pão a quem tem fome'. O primeiro lugar foi conquistado por uma menina de apenas 14 anos de idade. E ela se inspirou exatamente na letra de nosso Hino Nacional, como descrito abaixo:


Certa noite, ao entrar em minha sala de aula, vi num mapa-mundi, o nosso Brasil chorar:

O que houve, meu Brasil brasileiro? perguntei-lhe!


E ele, espreguiçando-se em seu berço esplêndido, esparramado e verdejante sobre a América do Sul, respondeu chorando, com suas lágrimas amazônicas: Estou sofrendo...

Vejam o que estão fazendo comigo....


Antes, os meus bosques tinham mais flores e meus seios mais amores...

Meu povo era heróico e os seus brados retumbantes.


O sol da liberdade era mais fúlgido e brilhava no céu a todo instante...

Onde anda a liberdade, onde estão os braços fortes?


Eu era a Pátria amada, idolatrada...

Havia paz no futuro e glórias no passado...

Nenhum filho meu fugia à luta...


Eu era a terra adorada e dos filhos deste solo era a mãe gentil...

Eu era gigante pela própria natureza, que hoje devastam e queimam, sem nenhum homem de coragem que às margens plácidas de algum riachinho, tenha a coragem de gritar mais alto para libertar-me desses novos tiranos que ousam roubar o verde louro de minha flâmula...


Eu, não suportando as chorosas queixas do Brasil, fui para o jardim.

Era noite e pude ver a imagem do Cruzeiro que resplandece no lábaro que o nosso país ostenta estrelado.


Pensei... Conseguiremos salvar esse país sem braços fortes?

Pensei mais...

Quem nos devolverá a grandeza que a Pátria nos traz?


Voltei à sala, mas encontrei o mapa silencioso e mudo como uma criança dormindo em seu berço esplêndido..."

Crônica de Martha Medeiros


Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo: 'olha, não dá mais'. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo, mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo? Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu: mas agora eu to comendo um lanche com amigos'. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não volta pra mim?

Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.

Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito!

Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu. Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos, filha única! Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim.

Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.

Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres, rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris. Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar. Resultado disso tudo: silêncio absoluto.


O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele.


Até que algo sensacional aconteceu...


Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher, que eu acabei me tornando mulher DEMAIS para ele. Ele quem mesmo???


Martha Medeiros


"Viva como se fosse morrer amanhã. Aprenda como se fosse viver para sempre."
(Mahatma Gandhi)

OBS: Engraçado como relacionamentos, e o fim deles, são sempre temas da humanidade. Mas também quem nunca sofreu com o fim de um amor? Quem nunca fez alguma destas risíveis atitudes em algum momento? Quem vai entender as coisas do coração? E como é difícil lidar com a finitude do que se acreditava, e um dia, se jurou ser eterno!
Pois bem, este pôst vai para todos que já sofreram ou estão sofrendo por justamente estarem na parte da balança mais alta, quando o outro resolveu sair da relação, por se encontrar na parte mais baixa. Este pôst vai para aqueles que mesmo quando estavam na parte baixa da balança souberam esperar, e trabalharam para voltar a equilibrar a balança. É, a reconstrução diária do amor. E mesmo quando esperávamos a mesma atitude do outro, e não aconteceu, ainda buscamos regatar, entender. E como dói ainda mais quando vimos que o outro desistiu! Que ele está seguindo sua vida sem o nosso amor, enquanto que nós aqui, ainda nos encontramos na balança, de forma a esperar o outro. Quanta injustiça! Seria tão mais fácil se ambos estivessem na parte baixa da balança e não houvesse sofrimento, ou apenas, como diria a música Ela disse adeus do Paralamas do Sucesso, choraríamos, mas seria apenas "lágrimas por ninguém, só porque é triste o fim". Mas esta feliz fatalidade é pra poucos!
E não pensemos que estamos sós no mundo! Estava hoje mesmo conversando com dois queridos amigos que estão sofrendo com a finitude de seus amores. Como é importante compartilhar nossas experiências neste momento! Porque também já sofri deste mal, já estive nesta balança desequilibrada injusta e ainda sinto ferroar em alguns momentos, a marca em mim deixada. Contudo, hoje posso me deleitar novamente com o amor. Há o temor de sofrer novamente, não tem como fugir. Mas, sobretudo, há a vontade de amar, de se entregar, e isso é maravilhoso, principalmente quando nos permitimos por nos sentirmos seguros na reciprocidade do outro! Mas essa reciprocidade pode acabar? Sim. Infelizmente alguns têm data de validade e sofreremos novamente. Mas tantas outras não se permitem findar, vão se renovando amor por anos. E é nisso que temos que acreditar se quisermos viver de forma livre e por inteiro.
É, a gente aprende com o tempo que a vida continua. Nem sempre temos a chance de substituir um amor pelo outro imediatamente, de forma a "esquecermos mais rápido" a dor que nos consome. Então, é importante reconstruirmos primeiro! Reerguermos nossas edificações. Assim como mostra de forma deliciosa, leve e nada piegas no filme Sob o Sol de Toscana, que recomendo e muito!
Posso dizer enfim, que aprendi uma coisa em especial com o amor, ao ouvir do Padre Fábio de Melo quando ele cantava uma música do Lulu Santos. Ele falava de que não precisávamos nos envergonhar pelo quanto que amamos, e nem pelo que fizemos um dia por alguém. Isso veio como conforto para aquele coraçãozinho que estava se sentindo "bobo" demais por amar e ainda, por ora, me consola quando ainda me vejo assim. E a música era:
"... eu gosto tanto de você que até preciso esconder...
... o que eu ganho e o que perco, ninguém, precisa saber"...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Celebração da vida!


Aqui estou eu, celebrando a vida! Alguém muito pequenininho está trazendo a felicidade de muitassss pessoas agora. Como é possível? Como é possível alguém que pelo simples fato de apenas nascer ser capaz de trazer tanta alegria? Ser motivo de tanta celebração?

Ah, a vida é inexplicável, às vezes. Principalmente quando se trata do amor. Se em alguns momentos atrás me derramava em lágrimas e dor por algo que não se tem mais que se derramar e que ainda estou aprendendo às duras penas a entender isso, agora me encontro feliz, muito feliz, por alguém que me é muito especial mesmo antes de nascer. Talvez a felicidade já me havia contaminado novamente antes mesmo de receber a boa nova. As lágrimas lavam a alma e nos levam à paz. Mesmo quando me encontro cansada e "raivosa" por ainda derramá-las. Mas graças ao tempo, cada vez menos, mesmo sabendo que talvez nunca cesse por inteiro. Contudo, graças a Deus, isso não impede a felicidade e o amor de nos preencher! E assim, me encontrava quando recebi esta feliz notícia!

O fato que há um razão muitoooo especial para celebrar em especial a vida hoje! Hoje nasceu a filha de uma grande amiga! Que felicidade!!! É a primeira amiga tãooo próxima minha que está tendo um filho. É bom vermos as etapas de nossos amigos, de pessoas queridas, e as nossas. Vermos o quanto estamos "crescidos" e "gente grande". Ontem mesmo visitei a casa de um outro grande amigo, que agora, reencontra os amigos não mais na casa de seu adorável pai, mas na casa que hoje ele constrói com sua esposa. É realmente lindo compartilhar estes momentos, este nosso "crescer". E como é bom rever os bons amigos. Rimos, brincamos, conversamos numa sincera e pura alegria. E o que não faço por eles? Até confio "comer joelho de porco", e "gradar" da coisa! Rs. Realmente é muito bom!

Também quero celebrar minha família. Esta semana mesmo recebi uma fofa mensagem da minha madrinha de batismo. A minha família é a base de meus valores e sempre se fez presente comigo, nas conquistas e perdas, alegrias e dores, ajudando-me a sustentar os meus alicerces. Uma homenagem em especial à minha mãezinha linda, um exemplo pra mim de garra, idoneidade e força, mesmo na sua doce fragilidade.

Também não posso me esquecer de celebrar os 366 dias que me permiti novamente entregar... A entrega recíproca e linda do amor. E mesmo não sendo fácil nenhum recomeço, presentes maravilhosos nos foram e nos são dados cada dia, mesmo mediante a distância e as provações da vida. Além do mais, o maior presente é termos um ao outro.

E assim é em tudo na vida. Sabermos que temos um ao outro nos ciclos da nossa vida torna a vida ainda mais bela e apesar dos vários desalentos, mais leve, ou quando muito o pesar, o mostra possível. Eu poder ter cada um destes presentes lindos que Deus me concedeu é maravilhoso e me transborda de felicidade!

Obrigada a cada um por fazer da minha vida uma edificação constante. Amo cada um de vocês de forma única e especial!

E seja bem-vinda mais esta pequenina e indefesa vida! Você é um presente abençoado para todos nós! E como todas as inexplicáveis coisas do amor, minha lindinha saiba que nós já te amamos e te recebemos de coração aberto às nossas vidas.

Vamos celebrar a vida! Paz e bem!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Quem permanecerá?


Estava navegando no mundo da televisão, quando me deparo com o programa do Padre Fábio de Melo. Como gosto muito da sua forma sóbria de expressar sobre a nossa humanidade, e a forma na qual ele aproxima o humano do divino, tornando assim a fé como algo mais real, menos alienado e mais palpável, então, parei para ouvir, e uma frase sua
muito me chamou a atenção, que posto abaixo:

"Só está ao seu lado, só permanece na sua trajetória, quem tiver escutado sua alma, quem tiver ouvido seu coração".

Esta frase fez todo o sentido para mim, elucidando algo q já vinha me agoniando há algum tempo.

Pessoas passam por nossa vida a todo instante, mas quem permanece? Apenas quem realmente nos tiver conhecido de verdade, nossa essência.

Tantas relações que mantemos no superficial apenas para um convívio diário. Pessoas que sabemos que são passageiras, enquanto quantas que nos são importantes não podemos, muitas vezes, estar perto.

E quantas relações gostaríamos que fossem mais, mas estas preferem permanecer assim, na superficialidade amistosa? Talvez para poderem tecer seus próprios julgamentos, criar seus próprios mundos e suas próprias verdades quanto a nós. Quantas pessoas são inteligentes, legais, gente boa, do bem, que temos afinidades, mas não são verdadeiras?E estas máscaras da verdade, muitas vezes, não são moldadas na lucidez, como algo intencional, apenas são moldadas porque não se permitem serem densos, serem humanos, serem reais.

Relações profundas requerem muito trabalho, requer conhecer o outro verdadeiramente. E vou além, compreende não só conhecer o outro, mas buscar entendê-lo, buscar amá-lo como é, com seus defeitos e limitações, compreende conhecer sua essência. E quando vamos além no outro, de certa forma nos comprometemos com ele. E então, entra ainda mais envolvimento, porque a nossa interferência a partir de agora no outro vai ter a densidade do amor que busca edificar. Por isso é tão mais cômodo e mais fácil não se envolver, não conhecer, não densificar as relações humanas.

Contudo, de que vale a vida se não for para vivê-la por inteiro? O mais profundo que dela poder extrair, ser? Nunca me conformei em viver na marginalidade das relações, nem em esconder o meu eu. Posso ter me decepcionado muito, chorado muito, me exposto muito e até me contradito
e errado muito, neste caminhar, nesta busca de encontro e formação de nós mesmos, e sei o quanto ainda muito passarei por essas coisas. Sei também que por muito tempo carreguei o medo da entrega do amor de um relacionamento e quando permiti me decepcionei, então tive medo de novo, e por vezes, ainda tenho. Ora, se em qualquer tipo de relação, seja com um amigo, seja na família, há decepções na tentativa de vivê-las, porque no eros também seria diferente? Há pouco tempo mesmo fiquei dias sofrendo indignada com julgamentos e injúrias descabidas feitas por pessoas que não se importam, apenas se deleitam na arte de difamar. Engraçado como o mesmo instrumento que pode fazer algo tão triste, também pode edificar, a língua. Pena que muitas vezes as pessoas prefiram a primeira opção. O vício do mais fácil. Talvez como uma forma de se sentirem melhores. Depois da profunda tristeza passada que me tirou a fome, o sono, e o mais importante, a paz do espírito, veio a pena. Não sinto talvez a mesma intensidade de raiva e indignação de outrora, acho que parte foi convertida em pena. Contudo tudo gera um medo, medo das pessoas. Medo do quanto elas nos assustam! Será que realmente vale a pena acreditar nas relações humanas?

Talvez seja este o ponto em que desistimos, porque é mais fácil nos refugiarmos em nossos medos.
Medos. Talvez parte da nossa não entrega, superficialidade esteja no medo, esteja numa auto-proteção. Quando nos entregamos, nos importamos, nos expomos verdadeiramente como somos, e assim, nos deixamos vulneráveis. E como é difícil ser vulnerável! Como o outro se mostra cruel, às vezes! Mas também, pode se mostrar como alguém que mereça continuar em nossa trajetória, alguém que nos edifique! É nisto que preciso acreditar.

Realmente, indiferente das marcas que me foram deixadas, e que ainda serão, indiferente do relacionamento que tenha me permitido densificar, por mais que o mundo, mais especificamente, as pessoas, tenham se esquecido do que é realmente importante, eu não consigo esquecer, e não consigo ser diferente, por mais que muitas vezes eu tente.

Portanto,que permaneçam na minha vida as pessoas que realmente conhecerem minha alma, e quiserem estar ao meu lado para edificar, porque, da mesma forma, só assim poderei estar eu na vida delas.

Paz e bem!


sábado, 2 de janeiro de 2010

A arte de perder - Elizabeth Bishop

The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.



Tradução (de Paulo Henriques Britto)

“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “



OBS: ...tenho muito que aprender com estes versos... assim como a arte de aprender a esquecer.... e tantas outras coisas... para que o seguir a vida se torne mais leve e ainda mais livre...