Eu sempre respeitei a escolha de
cada um e seu credo. Não consigo conceber que pessoas matem, caluniem,
destratam, falem mal, façam conspirações, difamem o outro por causa de sua
religião, sua fé.
A fé por si só é abstrata demais
para pensarmos que podemos simplesmente acreditar que só a nossa é verdadeira e
que os outros vão para o inferno se não se converterem para a nossa, ou que
devemos matar o outro porque a sua religião representa o “mal” para o mundo.
Chega a ser uma incoerência
tamanha o fanatismo, uma vez que, a maioria das religiões em sua base prega o
“amor” e a “paz”. Mas como é possível fazer paz com guerra?
Mas também não podemos ser
inocentes em pensar que podemos “deixar que nos matem”. Ano passado assisti o
filme “Machine Gun Preacher” do pastor Sam Childers que defende
as crianças e famílias do sudeste do Sudão que vive uma enorme guerra civil,
onde grupos radicais rebeldes invadem aldeias de cristãos para arrancam os
seios das mães que amamentam “filhos do mal”, cortam seus lábios, além de matar
crianças e adultos. Sua forma de defesa pode ser controversa para muitos, mas
infelizmente, eu não estou tão certa que apenas o “diálogo” nestes casos de
extremismos funcione.
Há um limiar muito tênue que deve
ser visto com cuidado onde ao buscar se proteger não nos percamos neste mundo
da violência e não nos tornemos como os próprios inimigos.
Certa vez, lendo o livro sobre a
história de Safiya Husaini, a primeira nigeriana que teve sua vida
contada para o Ocidente pela BBC, e em uma mobilização mundial para seu não apedrejamento
por acusação de adultério, já que mesmo separada ela teve uma filha fora do
casamento, Adama, e pela lei do Islã ela deveria ser condenada conseguiu ser
salva. O que mais me chamou a atenção neste livro é que Safiya descreve sua
vida com uma felicidade simples e sincera, apesar dos dois casamentos desfeitos
e a promessa de um não cumprido, que resultou em sua filha, recebendo somente
ela a culpa do ato.
O modo de vida do ocidente é sem
dúvida muito diferente do modo de vida do Oriente, mas nem por isso o nosso
modo de vida é o certo, e não somos a pílula de salvação para eles. Enfim, existem
outras formas de viver do que a que estamos acostumados a viver no ocidente,
assim, como a de ver o mundo do oriente.
Assim como manter uma visão generalizada
que todo alemão é nazista ou todo muçulmano é homem bomba. Temos que ter
cuidado com estes estigmas negativos criados. No filme Território Restrito
(Crossing over) que retratava a imigração americana, mostra em um dos seus
momentos o preconceito do mundo contra os muçulmanos. Infelizmente as pessoas
sofrem com o olhar do outro de “medo” e preconceito do diferente, principalmente
quando parte deste diferente mancha a imagem de um todo.
Isto me lembra o filme-série que
tive o prazer de me deleitar em minhas férias: Xingu. Que mundo desconhecido
para nós! Que coragem e bravura daqueles irmãos Villas Bôas! Ressaltando apenas
uma parte desta brilhante história de luta, quando um grupo de intelectuais
reunidos com um dos irmãos, Orlando, falam que nós estávamos “civilizando” os índios,
então ele diz que “na verdade, não tinha muita certeza de quem estava
civilizando quem”. O que mais uma vez reforça que não somos a verdade, o modo
único de ser.
A intolerância, seja de qualquer
natureza, é de uma loucura tamanha que tem que ser tratada não só como um caso
de polícia, mas psíquica.
Hoje o tão comentado bullyng, que na verdade, sempre existiu,
começa com as mais ínfimas desculpas, como o cabelo, a beleza, a gordura, a
altura do outro. Como somos seres cruéis uns com os outros!
Sem comentar que hoje não se pode
mais terminar relacionamentos. A loucura humana está tamanha que as pessoas
estão matando quem um dia jurou amou, só porque o amor acabou. A dor não justifica
tamanha tragédia. Se não consegue superar esta perda, quiçá outras que virão! A
vida, meus caros, é cheia de perdas a todo instante, infelizmente! Temos que
amadurecer!
Um dos muitos casos de barbáries
que assisti nos últimos tempos foi o de duas amigas que arrancaram o coração da
amiga por ciúmes, detalhe, elas tinham na faixa de 13 anos, e não apresentavam
qualquer remorso ou noção de realidade quando fizeram o depoimento. Onde vamos
parar?
Semana passada, no programa
Esquenta da Regina Casé falou sobre a campanha do TJDFT lançada: “Conte até dez”,
antes de praticar qualquer ato de violência por impulso. Gosto muito deste programa
e a forma como a Regina trabalha temas tão importantes de forma tão popular,
simples e leve. Tantas vidas poderiam ser poupadas se parássemos e contássemos
até 10.
Matar por um time de futebol, por
uma religião, por uma rincha de bairro, por uma discussão na escola, pela raça,
por um término de relacionamento é apenas uma desculpa para algum desvio de
personalidade que já era propenso a tamanho ato de selvageria e apenas
precisava de uma desculpa para isso.
Precisamos repensar os nossos
valores. A vida precisa ser valorizada, como um presente único, que não nos
cabe tirá-la do outro por simples incompatibilidade de modo de viver ou pensar,
ou por momentos de acessos de raiva.
O mundo está débil com tamanha intolerância
e falta de respeito com o outro. O mundo precisa ser curado, ser tratado. O mundo
precisa de mais amor.
Contemos até 10! Paz e bem! Um
ode à vida!
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