domingo, 29 de dezembro de 2013

2014: Paz e unidade!


Sem dúvida este ano foi regido por manifestações no mundo inteiro, inclusive no Brasil. 

A Europa vivendo uma de suas maiores crises econômicas, os países do oriente buscando suas independências das tiranias, o povo brasileiro querendo uma vida com maior qualidade e justiça, pedindo o fim da corrupção. Este cenário até então com muitos momentos pacíficos também foram regados de violência, vandalismo e mortes por todo o mundo.

Será possível uma guerra sem armas? 



Este ano partiu um dos maiores pacificadores do mundo, Nelson Mandela, o homem que lutou pela  igualdade racial e dedicou toda uma vida a este ideal.


 Também este ano foi marcado pela luta da jovem Malala Yousafzai, uma jovem paquistanesa que enfrentou o regime Talibã pelo direito à educação.


No entanto, esta semana fiquei profundamente triste quando vi a África mais uma vez dizimar milhares de seus filhos em mais uma de suas guerras civis. Estas barbáries no Sudão do Sul já acontecem há muitos anos, inclusive a história do pastor Sam Childers que defende a mão armada a vida de toda uma aldeia já até virou filme. Huanda, Sudão, Somália e tantos outros países esquecidos em seus conflitos religiosos, étnicos, políticos e econômicos. Um continente tão pobre, onde o cinturão de escassez deveria unir ainda mais as pessoas que ali vivem para buscarem a sobrevivência de seu povo, atrocidades são realidades diárias.

Egito, a Tunísia entre outros  estão vendo fenecer sua primavera árabe (2010). Ataque químico na Síria culminou na morte de milhares de pessoas, entre elas, centenas de crianças.

O número de refugiados de guerra no mundo cresce assustadoramente a cada ano, segundo a ONU são 32 milhões atualmente. Só no Quênia existem 02 campos de refugiados, um que abriga os oriundos do Sudão (Kakuma), outro da Somália (Dadaab). E quantos outros mais campos que abrigam pessoas da Faixa de Gaza, da Síria, do Afeganistão e tantos outros povos. E quem promove a guerra??? Nós mesmos...

Precisamos mudar este cenário. Não podemos mais aceitar esta banalização da vida, esta falta de amor ao próximo. Que no próximo ano, mais guerreiros sem armas, mas com almas impulsionem mais lutas, só que em prol à vida, à solidariedade, à igualdade.

Que venha 2014! Amor , unidade, paz e bem! 



quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

domingo, 1 de dezembro de 2013

Lado a Lado: prêmio Emmy



Primeiramente, gostaria de parabenizar a atriz Fernanda Montenegro pela premiação do 41º Emmy Internacional. Mas a dama do teatro e televisão brasileira dispensa qualquer post, já que a forma com que consegue expressar uma imensidão sem precisar de grandes movimentos, apenas com o olhar, encanta a todos.

Sobre a novela Avenida Brasil, que também concorreu ao Emmy, digo que foi uma das novelas mais envolventes do nosso país, capaz de mobilizar uma multidão na saga que se passava no lixão e no subúrbio. Trouxe uma nova realidade para o horário nobre. Tem todos os méritos por sua audaciosa trama. 

Apenas um parêntese para aquelas pessoas que se dizem "cultas" por não assistirem novelas, mas, em muitos casos, estas mesmas se prendem a séries americanas de 10 anos ou ficam vendo vídeos de stand up comedians na internet por horas diariamente. Não estou querendo comparar nada aqui. Amo séries e stand ups, mas não me prendo a rótulos. Acho que é o vício que nos faz perder o bom senso das boas escolhas. Se o que estamos vendo não é bom, indiferente do que seja, vamos fazer outra coisa, mudar a programação, sem relutar ou sofrer. Acredito que temos apenas que estar abertos ao que bom nos é apresentado, indiferente do tipo de expressão artística, e se soubermos manter nosso olhar crítico e desapegado não nos alienaremos (como tanto dizem e temem!!!).

Mas hoje meu post veio em um momento para me redimir, já que na época da novela Lado a Lado quis muito, mas não tive como fazer minhas "deliciações" a seu respeito. Gostaram da nova palavra? Pois é assim exatamente que descrevo este post. 

A novela Lado a Lado não foi apenas uma novela de época, que em geral, são muito belas e muito bem produzidas. Mas ela encantou com a história de duas mulheres que estavam a frente do seu tempo, buscando escrever suas próprias vidas, rompendo as correntes de uma sociedade preconceituosa e conservadora. Nos links coloco partes da novela relacionadas com o tema, deleitem-se!

A história contada pós abolição mostra como os grilhões sociais ainda eram impostos aos negros. Para a construção do centro do Rio de Janeiro,  muitas famílias tiveram que deixar suas casas e irem para os morros, sem qualquer condição de saneamento e infra-estrutura. Surgiam as primeiras favelas que conhecemos hoje.

A vinda do samba para o Brasil, a prática da capoeira e sua divulgação, a mulher no mercado de trabalho, a entrada do negro para o futebol, um esporte até então para brancos da elite, o peso do divórcio para a mulher, o preconceito com as mulheres escritoras, e as lutas sociais desta época foram conduzidas magistralmente. A história do Brasil foi exibida de uma forma que acredito aproximar mais que a estudada, se estudada, nas escolas. 

A novela era rica em trazer personagens importantes da história, que talvez, não tenham seu devido reconhecimento na memória do país, entre eles, José Cândido e Júlia Lopes. 

A escritora Júlia Lopes de Almeida e romancista, é citada na novela por não ter sido escolhida para a cadeira da Academia de Letras apesar de ter participado de sua criação. Uma mulher que rompeu com padrões predominantes de comportamento de uma época, como bem descrito em um artigo da UERJ, que inclusive traz uma frase interessante do francês Marc Bloch: "Os homens [e as mulheres] parecem-se mais como seu tempo que com os seus pais". Neste texto da UERJ também traz o ocorrido: 
"... fins do XIX viabilizaram a sua participação nas discussões que antecederam a criação da Academia Brasileira de Letras, em 1897, sob a liderança de Machado de Assis. E também a inclusão de seu nome na lista prévia dos que comporiam a instituição publicada por Lúcio de Mendonça (1854-1909). Contudo, na listagem final Júlia Lopes de Almeida foi substituída por seu marido, o poeta cronista, jornalista, teatrólogo Filinto de Almeida, sob a alegação «de que na Academia Francesa – modelo da nascente agremiação – não era consentida a entrada de mulheres»."

A Revolta da Chibata também é retratada por um dos personagens, onde duras condições de trabalho eram impostas aos marinheiros de baixa patente, além de castigos físicos, como a prática de chibatadas. O marujo negro João Cândido, um dos principais líderes marinheiros que foi preso, mesmo após o governo ter aceitado as condições dos marinheiros e a revolta acabada. Somente ele e outro marinheiro, João Avelino, sobreviveram a prisão na Ilha das Cobras, como descrito no site do Projeto Memória em um relato do João Cândido: "A pretexto de desinfetar o cubículo, jogaram água com bastante cal... o líquido, no fundo da masmorra, se evaporou, ficando a cal. A princípio, ficamos quietos para não provocar poeira. Pensamos resistir os seis dias de solitária com pão e água. Mas o calor, ao cair das 10 horas, era sufocante. Gritamos. As nossas súplicas foram abafadas pelo rufar dos tambores. Tentamos arrebentar a grade... Nuvens de cal se desprendiam do chão e invadiam os nossos pulmões, sufocando-nos. A escuridão, tremenda. A única luz era um candeeiro a querosene. Os gemidos foram diminuindo, até que caiu o silêncio dentro daquele inferno”. Quando a solitária foi aberta, no dia 27 de dezembro, segundo João Cândido, os corpos beiravam a podridão. Os cadáveres foram retirados, a cela foi lavada, desinfetada e os sobreviventes, João Cândido e o soldado naval João Avelino Lira, jogados novamente na prisão. A causa da morte dos dezesseis, segundo o laudo oficial, foi por “insolação”.

A atriz Marjorie Estiano deu uma entrevista super interessante sobre o seu personagem, que eu confesso que amei, e o papel da mulher na sociedade hoje, que apesar de nos parecer tudo já conquistado, ainda não temos nosso devido valor em nossos papéis. 

A história de nosso país enlaçada com a trama da novela trazia uma leveza na seriedade dos fatos políticos e sociais de uma época, que em muito podemos refletir para a nossa atualidade. 

A química dos personagens, um elenco magistral e a produção delicada e impecável tornaram esta novela linda e inesquecível. Que muitas outras venham com tamanha qualidade e genialidade!