quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Liberdade x Libertinagem


Talvez uma das maiores buscas da sociedade atual é a busca do equilíbrio de viver com liberdade. Há muitos exemplos de libertinagem à nossa volta, e até nossas experiências próprias, nos mostram um amargo lado do descontrole dessa liberdade que ainda não se consegue dosar.

O amadurecimento vem com este encontro de nós com nós mesmo. Um auto-conhecimento que nos permite nos limitar sem nos podar. Uma ciência de nós que nos permite sermos livres, sem precisarmos nos afundar no vazio do libertino.

O filme O libertino, com Johnny Deep representando a vida do John Wilmont, o 2º Conde de Rochester, no século XVII, na Inglaterra, e John Malkovich representando o rei Charles II.
A vida do Conde era completamente descontrolada, marcada pela insaciedade que os excessos dos vícios proporcionam. Usava dos subterfúgios do subversivo para escandalizar. Proclamava em sua arte a sexualidade num tom erótico grotesco. Ele já não tinha mais valores, nem mais noção do certo ou errado. Alimentou tanto seu egoísmo que ele já dominava sua personalidade, sendo capaz apenas de se importar com suas vontades, mais fugazes e primitivas. Nem ver um dos seus amantes ser morto o abalou, deixou morrê-lo sem qualquer ajuda ou defesa, e fugiu simplesmente, sem o menor pesar. Terminou infeliz e só. Nem a amante que ele tanto venerou e se dedicou, esquecendo-se até de si e de todos, estava ali. Apenas sua esposa, sua mãe e um empregado fiel se mantiveram ao seu lado no seu leito de morte.

O livro A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, conta a vida de uma mulher, regada de luxúria, como ela mesmo intitulou. Ela até que tem uns pensamentos coerentes, principalmente quando ela fala das barreiras que existem na sociedade para se viver a sexualidade em todas as suas vertentes, principalmente, o sexo entre dois homens, que em geral, recebe bem mais repúdio da sociedade, do que entre duas mulheres. Além dos pensamentos dela de quebrar as barreiras de que somos 100% alguma coisa, como a necessidade de nos dizermos inteiramente heteros ou homos. No entanto, o texto acaba ficando cansativo. Mas não é a leitura que é cansativa, e sim a vida da mulher. A sua vida se resumia em sexo, drogas e bebidas, proporcionados pelo dinheiro que sua família tinha. Tudo era tão fútil. Não trabalhava, e até seu mestrado havia sido "comprado" pelo sexo e pelo dinheiro. Então vamos percebendo que todas as pessoas que tinham algo mais denso, que a profundidade do pires, que era sua vida, era para ela como chatos. Para muitos que pensam que essa seria a vida perfeita e feliz, recomendo que leam este livro para perceberem o quanto de vazio e cansativo vai se tornando a leitura à medida que vamos adentrando a esta vida tão regada à luxúria e libertinagem. E então percebemos que a vida é muito maior que isso.

A música Sober, da Pink, que postei anteriormente, retrata justamente o vazio desta vida. O quanto é dolorido estarmos sóbrios, porque nos deparamos com a dura realidade da vida que estamos vivendo. E se não tivermos força para sairmos dessas fugas que aprisionam nosso corpo e nossa alma, estas fugas que nos condicionamos e nos acomodamos a elas, nos manteremos sempre na escura solidão e na infelicidade de nos sentirmos constantemente insaciados e vazios causados pelas superficialidades das relações efêmeras do eu com o próprio eu e do eu com o mundo, e então, será insurportável se manter sóbrio.

O mesmo também podemos sentir no livro Cem escovadas antes de ir pra cama, da autora Melissa Panarello, as experiências sexuais vividas pela autora, uma adolescente de 16 anos na época, conforme ela mesmo diz, entraria num círculo vicioso, que ela não conseguiria mais colocar limites, ou dizer não. Tudo era permitido. Tudo era libertino. Mas no entanto, ainda assim, havia profunda infelicidade. Quando chegava em casa, lágrimas e profundo sentimento de solidão e nojo lhe abatiam, e nem sempre conseguia passar pelo ritual, que ela denominava de purificação, de escovar cem vezes seus cabelos.

O limiar que tange o libertino do liberal é viver como se sente bem, em todos os campos de sua vida, seja afetiva, sexual, social, sempre respeitando os limites também do outro. A consciência sempre nos traz uma advertência quando estamos ultrapassando essa tênue linha. O problema só existe quando esta consciência já não é mais ouvida, ou simplesmente ignorada. A pessoa consegue viver tranquilamente, mesmo quando espanca uma mulher, em momentos de delírios sádicos, como entre muitos episódios vivido pelo Marquês de Sade, Donatien Alphonse François, um escritor transgressor que viveu na França, no século XVIII.

Há regras para ser livre?Há regras de como se viver? Há regras de como ser feliz? Não. Cada qual é único, sendo assim, cada qual vai modelando e descobrindo sua própria forma de viver bem. Contudo, existe apenas um fator que não pode deixar de ser observado sempre neste trilhar: o respeito. O respeito a si mesmo e aos outros.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sober - Pink



http://vids.myspace.com/index.cfm?fuseaction=vids.individual&VideoID=47130657


http://vagalume.uol.com.br/pink/sober.html


Sober - Pink


I don't want to be the girl that laughs the loudest
Or the girl who never wants to be alone
I don't want to be that call at 4 o'clock in the
morning
'cause I'm the only one you know in the world that
won't be home
 
Ahh, the sun is blinding
I stayed up again
Oh, I'm finding
That's not the way I want my story to end
 
I'm safe up high, nothing can touch me
Why do I feel this party's over?
No pain inside, you're like protection
But how do I feel this good sober?
 
I don't want to be the girl that has to fill the
silence
The quiet scares me 'cause it [SPEAKS?] the truth
Please don't tell me that we had that conversation
I don't remember, save your breath
'cause what's the use?
 
Ahh, the night is calling
And it whispers to me softly, "you're to blame"
I hear you falling
And if I let myself go, I'm the only one to blame
 
I'm safe up high, nothing can touch me
Why do I feel this party's over?
No pain inside, you're like perfection
So how do I feel this good sober?
 
Coming down coming down coming down,
Spinning round spinning round spinning round
Looking for myself, sober
Coming down coming down coming down,
Spinning round spinning round spinning round
Looking for myself, sober
 
When it's good, then it's good
It's all good 'till it goes bad
'till you're trying to find the you that you once had
I've hurt myself, cried, never again
Broken down in agony
Just trying to find a friend
Oh


http://vagalume.uol.com.ar/pink/sober-traducao.html


Sóbrio


Eu não quero ser a garota que ri mais alto
Ou a garota que nunca quer estar sozinha
Eu não quero ser aquela chamada às 4:00 da manhã
Porque você sabe que eu sou a única no mundo
que não vai estar em casa
 
Ahh, o sol está cegando (me cegando)
Eu me levantei novamente
Oh, eu estou me encontrando
Esta não é a forma que eu quero
que minha história termine
 
Eu estou segura lá em cima, nada pode me tocar
Porque eu sinto que esta festa acabou?
Nenhuma dor por dentro (interior),
você é como proteção
Mas como eu me sentirei tão bem sóbria?
 
Eu não quero ser a garota que tem de preencher
o silêncio
O silêncio me assusta porque ele diz a verdade
Por favor, não me diga que tivemos aquela conversa
Eu não me lembro, guarde o seu fôlego
Porque, qual é o uso
(o motivo, ou, de que vai adiantar?)
 
Ahh, a noite está chamando
E ela sussurra para mim calmamente
(docemente),
você se culpa demais
Eu escuto você caindo
E eu me deixo ir, eu sou a única que deve
ser culpada
(que deve ouvir a culpa, se sentir culpada)
 
Eu estou segura lá em cima, nada pode me tocar
Porque eu sinto que esta festa acabou?
Nenhuma dor por dentro (interior),
você é como perfeição
Mas como eu me sentirei tão bem sóbria?
 
Indo para baixo, para baixo, para baixo
Girando ao redor, ao redor, ao redor
Procurando por mim mesma, sóbria
 
Quando isso está bom, então está bom
Tudo está bom, até que fica mau
Até que você tente encontrar
aquilo que teve uma vez
Eu me machuquei, chorei, nunca mais
Quebrada (para baixo) em agonia
Apenas tentando encontrar um amigo
Oh

domingo, 25 de janeiro de 2009

Cultivar a paz e o bem: a começar pelo que me alimento!

Todos nós temos dois cães internamente. Um cão mau, que carrega nossos defeitos e um cão bom que carrega nossas qualidades. Nunca conseguiremos arrancar de dentro de nós algum deles. No entanto, o que somos é justamente fruto do cão que mais alimentamos em nós.

"Somos o que mais alimentamos em nós."


Não podemos controlar o que sentimos nem o que desejamos. Seja uma raiva explosiva e involuntária, seja um mau humor ou um desânimo, seja uma sensação de insatisfação constante ou um abatimento, seja um descontentamento depres
sivo ou uma passional alegria, seja um sentimento de atração ou sentimento de repulsa, seja o desejo de querer possuir o que não se pode ou o que não se tem, mesmo que não tenha valor maior do que já se possui. Infelizmente não se pode controlar o sentir e o desejar. Mas se pode controlar o quanto vamos alimentar este desejo e este sentimento, e o quanto vamos nos deixar dominar por eles.

“Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos; Somos culpados pelo que fazemos, mas não somos culpados pelo que sentimos; Podemos prometer atos,mas não podemos prometer sentimentos... Atos são pássaros engaiolados, sentimentos são pássaros em vôo.” Rubem Alves


"O que cultivamos dentro de nós reflete à nossa volta! Nossa família, nossos relacionamentos, nossos filhos são apenas frutos desta colheita semeada por nós mesmos."

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Roubo das subjetividades

Acabei de ler o livro "Quem me roubou de mim" do Pe. Fábio de Melo. Um livro que trata dos roubos silenciosos de nós mesmos, de nossas subjetividades, de nosso direito de "ser pessoa". E como a todo instante estamos sendo submetidos ou submetendo alguém a estas prisões e cativeiros.

O que me faz recomendar este livro, é o fato que o Pe. Fábio não se limita a uma visão religiosa fechada.Uma visão que, por muitas vezes, nos distancia de nossa condição humana, numa sede de nos aproximar a um estado de santidade perfeita, longínqua da realidade. Pelo contrário, ele sabe muito bem retratar e nos reaproximar de nossa humanidade, e assim nos levarmos a nos encontrarmos com nós mesmos, sem máscaras, sem fugas, em nossa inteireza, e assim, nos depararmos com o que há de melhor e pior em nós. Só há discernimento das escolhas que fazemos diariamente se há conhecimento real do que somos. A ignorância de nós mesmos nos leva, quase sempre, ao medo e ao erro.

Não poderia deixar de compartilhar alguns dos belos momentos de reflexão deste livro:



Pg.24: Sentir medo é um jeito estranho de atribuir autoridade a alguém. (...) Sempre que estamos paralisados pelo medo, de alguma forma, estamos privados de nós mesmos.

Pg.29: (...) O ser humano acostuma-se com o que se tem, com o que ama, e somente a ruptura com o que se teme com o que se ama abre-lhes os olhos para o real valor de tudo o que estava ao seu redor. As prisões podem nos fazer descobrir o valor da liberdade. (...)
A ausência ainda é uma forma de mensurar o que amamos e o que queremos bem. Passar pela experiência do cativeiro, local da negação absoluta de tudo o que para nós tem significado, conduz-nos ao cerne dos valores que nos constituem.

Pg.30: (...)Olhamos e não conseguimos entender como não éramos capazes de reconhecer a beleza que sempre esteve ali, e que nem sempre fomos capazes de perceber.
No momento da ameaça de perder tudo isso, o que mais desejamos é a nova oportunidade de refazer a nossa vida. Nosso desejo é voltar, reencontrar o que havíamos esquecido, reintegrar o que antes perdido, ignorado, abandonado. O que desejamos é a possibilidade de um retorno que nos possibilite ver as mesmas coisas de antes, mas de um jeito novo, aperfeiçoado pela ausência e pela restrição.
(...) a presença dos que amamos nos devolve a nós mesmos.

Pg.49: (...) a santidade como aperfeiçoamento do que é humano, e não como sua negação.

Pg. 50: (...)Santificar é o mesmo que humanizar. É receber-se de novo (...)
(...)A santidade, o aprimoramento, requer coragem. A desumanização requer fraqueza. É mais fácil ser fraco. É mais fácil justificar-nos na preguiça existencial que nos aquieta nas expressões que são próprias de quem já perdeu a batalha. "Sou assim mesmo e não quero mudar!"

Pg.61: Nisso consiste os dois pilares do conceito de "pessoa". Possuir-se para disponibilizar-se. (...) Encontros e despedidas. Passagens transitórias, chegadas definitivas. (...) Eu abandonando a solidão de minha condição de posse de mim mesmo para alcançar a proeza de ser com o outro. Antes, a solidão do eu; depois, o estabelecimento do nós. Encontro de pessoas. Um
eu que encontra com um tu e que juntos estabelecem um nós.

Pg.62: (...)O que nos atrai no outro é a terceira pessoa que conseguimos fazer nascer com o nosso encontro.
(...)Relações saudáveis são relações que nos devolvem a nós mesmos - e, o melhor, devolvem-nos melhorados.(...)
O amor talvez seja isso. Encontro de partes que se complementam, porque se respeitam. (...) O amor não diminui, mas multiplica.

Pg.66: Não me leve de mim. Leve-me até mim.

Pg. 67: Pedido


Eu não quero que você seja eu.
Eu já tenho a mim.

O que eu quero é que você chegue

Com seu poder de chegar
E de me devolver pra mim.

Que você chegue com seu dom
De também me fazer chegar
Perto de mim...

Pra me fazer ver o que sou e que só você viu

Pra eu ser capaz de amar também

O que só você amou.

Eu não quero que você seja igual a mim.
Eu já tenho a mim.
Não quero construir uma casa de espelhos

Que multiplique minha imagem por todos os cantos.

Quero apenas que você me reflita

Melhor do que julgo ser.

Pg.77: (...) Tudo começa pequeno nessa vida; e só cresce se o permitirmos. (...)
Pequenas permissões abrem espaços para grandes invasões. Grandes tragédias começam com pequenos descuidos. Desastres terríveis são iniciados com displicências miúdas.


Pg.81: Nem tudo o que temos já é nosso, porque carece ser conhecido e conquistado.

Pg.88: O amor verdadeiro é o amor que faz ser livre, que faz ir além, porque não ama para reter, mas para promover.


Pg.89:(...)O olhar de quem nos ama é um olhar que nos devolve, abre portas.
(...)Quanto maior é o bem que nos provocam, maior é o desejo que temos de ficar perto.(...) O outro nos apresenta um jeito novo de interpretar o que somos, e por essa nova visão nos apaixonamos. O que nos encanta no outro é o que ele nos conseguiu fazer enxergar em nós mesmos. Egoísmo? Não. Apenas o primeiro pilar do conceito de pessoa alçando uma profundidade ainda maior dentro de nós.


Pg.97: Neste mundo de tantas pressas, não há espaço reservado para o discurso que exige calma e tranquilidade para ser entendido.

Pg.99: (...) O desejo é mais profundo que o prazer. Ele precisa de tempo para ser despertado e vivido. O prazer não. É produto rápido. É igual carboidrato de absorção rápida, que não leva tempo para ser assimilado pelo organismo. Desejo é alimento integral, demora para faer digestão, e por isso alimenta por mais tempo.
O prazer é poço sem fundo. É círculo vicioso. Cria dependência que nos faz procurar por ele o tempo todo. O desejo, ao contrário, cria permanência, porque acalma. Sabemos onde ele fica. Ele movimenta para novas buscas, mas não desorienta. É alimento integral, enquanto o prazer é alimento refinado. As sociedades estão cada vez mais consumindo os produtos refinados. Eles não exigem muito do organismo. Os produtos integrais, por serem mais substanciosos, exigem o dobro. E como não estamos dispostos a muito esforço, optamos pelo caminho mais simples.

Pg.100: Essa é regra que tem prevalecido. Nada pode nos privar do prazer. Sacrifícios não serão bem-vindos nos nossos tempos. As pessoas se esmeram por buscar atalhos, porque não há disposição para trilhar a estrada mais longa, ainda que ela seja repleta de belezas e surpresas.


Pg.112: Um dos elementos que acena para nosso amadurecimento como pessoa é justamente nossa capacidade de enfrentar a realidade sem as facilidades da fuga.
(...)O importante é estabelecer um equilíbrio entre aquilo que projetamos e aquilo que podemos esperar de nós mesmos.
(...)Há sempre o risco de querermos fazer o outro ser a medida de nosso desejo. POr uma insatisfação pessoal, projetamos no outro uma perfeição que gostaríamos de encontrar em nós mesmos.

Pg.117: citação do poema Tabacaria de Fernando Pessoa:


Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.

Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.

Quando quis tirar a máscara,
Estava pregada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,

Já tinha envelhecido.

Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.

Deitei fora a máscara e dormi no vestiário

Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Pg. 118: (...)Os mascarados sofrem sozinhos. É um processo doloroso que atinge a muitos.
Conviver com quem optou pela inautenticidade causa uma infelicidade profunda. O gasto de energia para mentira é muito mais elevado para verdade.

Pg.125: (...) perder não é vergonhoso assim, e que não saber perder é um jeito estranho de perder sempre.(...)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

ET e Sexualidade

Existem algumas verdades que as pessoas pretendem ignorar, ora pra dar respaldo a alguma forma de alienação e manipulação, ora para não sair da cômoda inércia.


Dizer que num universo tão enorme, como podemos ver neste vídeo abaixo, só nós o habitamos é o mesmo que limitar a Ciência perfeita que tudo criou. Esta Ciência pode ser denominada cada qual sua crença. O fato é que temos medo de aceitar que não somos os únicos. Isso por acaso nos faria menos especiais para nosso Criador? Um filho único é mais amado por sua mãe do que um filho de uma mãe que tem dez? Se um deles sofrer, ela não sofrerá, se um deles precisar ela não estará ali, se um deles pedir colo ela não dará? Ela conhece cada um, cada comportamento, jeito, voz, cheiro. Dá a cada um uma forma especial de ser chamado, de ser acariciado. É um amor tão belo que é capaz de ser inteiro e fazer aquele que o recebe se sentir tão especial e único, que ele é incapaz de não se sentir importante, mesmo sabendo que ela compartilha também deste amor para mais três, cinco, dez, vinte filhos. E olha que mãe é humana, e não deixa de ter suas preferências, mesmo que esconda isso para si mesmo, mas que consegue mesmo com seus defeitos e limitações fazer cada filho se sentir docemente amado no seu colo acolhedor. Então, como não poderia ser para o perfeito Criador Divino?


As religiões normalmente tentam usar da psicologia de sermos “únicos” e “especiais” para tornar seus fiéis ainda mais fiéis. Quem não gostaria de ser tão importante assim num momento de carência? E como este mundo nos deixa carente! No entanto, é justamente o contrário como deveríamos pensar: que Amor é este capaz de ser tão inteiro, belo, presente que se derrama de forma tão especial a mim, uma pequena criatura, dentro da imensidão deste universo? Que Amor é este que se importa? E então se encantar. E assim, se sentir ainda mais feliz!


A política e os interesses econômicos e bélicos também usam da manipulação da verdade para esconder a fragilidade que possuem de lidar com o que não conhecem ou talvez, usar desta verdade em um momento mais propício. Como por exemplo, usar do subterfúgio do medo fazendo a nação temer este “iminente perigo” e de forma alienada entregar toda sua confiança e fidelidade ao seu líder, o único que poderá salvá-los e assim melhor controlá-los. Se eles fazem isso com “potenciais inimigos” de nossa humanidade, (ver Fahrenheit 11/9 - Michael Moore), imagina com os "de outro planeta", aiai.... a sedutora vaidade de poder.... controle-domínio...


Um paralelo com isso também tem o universo da sexualidade. Limitar as preferências sexuais dos indivíduos é o mesmo que ignorar os milhões de homossexuais, transsexuais e bissexuais que existem no mundo.


E não estou falando do modismo que hoje existe de experimentar o novo. Isto geraria um outro post. Apenas fazendo uma menção rapidamente, para mim, em outrora, quando uma pessoa queria “subverter”, “ser diferente” pintava o cabelo, depois todos começaram a pintar o cabelo, então começaram a usar tatuagens, e todos seguiram, por conseguinte, começou o uso dos piercings, que hoje já é coisa normal. Então, na minha opinião, o “experimentar” o mesmo sexo, veio para esta nova geração como uma necessidade de se diferenciarem da normalidade. E como a maioria do “novo” logo se torna “todo”. O que não deixa de ser de todo mal, porque o experimentar também nos abre porta para nosso autoconhecimento.


No entanto, a sexualidade que convido a olharmos, é algo bem mais amplo e profundo. A diversidade sexual. Quando envolve a atração por outrem, indiferente de raça, sexo, classe social. Alguns podem ter distúrbios psicológicos, como nos casos dos pedófilos ou estupradores, entre tantos outros, que são casos à parte, que precisam de tratamento. Outros, porém, não podem ser considerados distúrbios, e nem como mero fetiches, porque são sentimentos incapazes de controlá-los e não vivê-los torna-se algo como se lhe proibissem de ser feliz. Quantos casos são conhecidos de pais de famílias que furtivamente buscam travestis para saciar seus instintos mais escondidos? Ver o filme Brokeback Mountain. Ou de casais do mesmo sexo que vivem juntos durante anos, de forma até muito mais fiel e verdadeira que muitos casais heteros?


Por que fingimos que não existem se aonde formos vamos ver ou até mesmo conviver com algum deles? Por que sentimos nojo? Por que evitamos olhar ou falar com eles? Por que os tememos tanto? Por que não os tocamos ou os abraçamos? Que medo ou repulsão é esta?


O amor é livre, e pode ser depositado a qualquer coração em sua volta, e não há como controlar. O tesão também. Quando se sente atraído por alguém, não importa se está no corpo de um homem ou de mulher, o tesão está ali, o corpo está pedindo aquele corpo. Se há reciprocidade e as pessoas estão livres, descompromissadas, por que não viver?


Não acredito no pecado do amor. Não. Se Deus é Amor, todo Amor verdadeiro, sincero e com respeito é respaldado por Ele.


Então muitos podem dizer: mas é uma falta de respeito isso! É uma promiscuidade! O que é respeito? O que é promíscuo? Uma mulher que trai o seu marido com o médico do seu filho ou o marido que trai sua mulher com a colega de serviço? Sim, isso é desrespeitoso! O marido que posa de bravo, de machão, e à noite vai à região mais isolada da cidade para libertar seus “demônios” com algum travesti, ou em uma zona com várias mulheres, e como se não bastasse, volta para sua casa, e ainda bêbado e sujo pela noitada abusa da sua esposa com toda violência? Sim, isso é promiscuidade!


A liberdade sexual é diferente do libertino, do promíscuo, e isso eu falarei em próximo post.


Maior prova poderia citar a própria natureza. Quando li a notícia de que dois pinguins machos viviam juntos, como um casal, e que queriam ter um ovinho deles para cuidar, no zoológico. Ora, seria isso uma aberração? São seres tão irracionais assim? Não. São apena demonstrações de como "nada sabemos".


Fico profundamente triste quando vejo pessoas fazendo cara de nojo ou expressando seu preconceito, assim, como também pessoas que se alienam a um conceito pré-determinado. Assim, como também fico indignada quando espero dos que são justamente a parte reprimida da sociedade que ajam sem preconceito, e vejo justamente o oposto, como tantas vezes presenciei na série The LWorld, quando ridicularizam ou excluem os bissexuais e heterossexuais, assim, como vi no filme Hotel Ruanda, a tomada de poder de uma etnia massacrada até aquele momento, que ao invés de mudar sua postura, começou a fazer o mesmo com a etnia dominada, assim, como tantas personalidades que vemos hoje no universo do Hip Hop que agem da mesma forma supérflua e dominadora que os playboys que eles viviam criticando nas suas músicas, no início de suas carreiras. Era justamente para ser o contrário. Não precisamos repetir os mesmos erros, só porque já fomos vítimas deles um dia.


co profundamente triste quando vejo pessoas fazendo cara de nojo ou expressando seu preconceito, assim, como tamb

Seres de outros planetas e a diversidade sexual além das fronteiras pré-concebidas em nossas retrógradas mentes: por que continuarmos a ignorá-los, se eles existem?


domingo, 18 de janeiro de 2009

Amar e perdoar: o desconcerto que conserta!

Este texto me lembra uma das brilhantes sacadas da série Smallville, não me lembro ao certo o episódio, nem ao certo as palavras ditas, mas a idéia era essa: quando o Clark, o super-homem ainda na sua juventude, fala que naquele momento ele entendia o Lex, o seu arqui-inimigo Lex Luthor, uma vez que é realmente tão simples sentir raiva, ódio. Isso é uma verdade. Como é fácil cultivarmos estes sentimentos que minam nossa alma de rancor e nos mantêm escondidos em nossas barreira devidamente blindadas, ao contrário do amor, que nos deixa vulneráveis, sujeitos à dor, nos convidando a exercitar a difícil arte do perdão .

O DESCONCERTO QUE CONSERTA! - Pe. Fábio de Melo

Odiar é também uma forma de amar. Diferente, mas é. É que o coração humano nem sempre consegue identificar o sentimento que o move. É claro que existem situações em que o ódio é ódio mesmo, mas, em outras, não.

Você já deve ter experimentado isso que estou dizendo. Sobretudo no momento em que foi traído, enganado e até mesmo abandonado. O sentimento foi de revolta e, nela, o amor muda de cor, configura-se diferente. É a mesma coisa que acontece com os animais que se camuflam para sobreviverem às ameaças dos inimigos. O camaleão é sempre camaleão, mesmo que não possamos identificá-lo no seu disfarce. Da mesma forma fazemos nós.

Quando temos o nosso amor traído, ameaçado pelo descaso do outro, nós nos revestimos de ódio e ressentimentos. Mas a fonte é sempre o amor. Ele é o referencial de onde parte a nossa reação. Nem sempre temos coragem de assumir isso. A traição nos trava para a misericórdia. E, então, sentimos necessidade de devolver a ofensa com a mesma moeda.

Por isso, dizemos que odiamos. Mas só o dizemos, porque o que nos falta é coragem para dizer que amamos.

Camuflados e infelizes

Camuflar é o recurso que usamos com o objetivo de nos justificarmos diante dos outros. É uma forma que temos de nos sentir menos humilhados. Não raras vezes, dizer que temos ódio é uma maneira de tentar dar a volta por cima. Estranho isso, mas acontece.

Talvez seja por isso que as pessoas andam tão distantes dos seus verdadeiros sentimentos. Tememos a fraqueza. Tememos que o outro nos flagre no sofrimento que a gratuidade do amor nos trouxe. Preferimos assumir uma postura marcada pela agressividade a outra que nos mostrasse em nossa fragilidade.

Nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza. E amar é experimentar a fraqueza. É provar o doloroso campo da necessidade, da carência e da fragilidade.

Amar é uma forma de depender, de carecer e de implorar. É uma forma de preenchimento de lacunas, visto que o amor é a melhor forma de complementar os espaços.

Admirável desconcerto

Quem ama sabe disso. Quem é amado, também. A gratuidade do amor consiste nisso. Amar quando o outro não merece ser amado. Surpresa maior não há. Ser abraçado no momento em que sabemos não merecer ser perdoados. O amor verdadeiro desconcerta. O perdão e a reconciliação são a prova disso. Somente depois de dizermos infinitas vezes "Eu te perdôo" , é que temos o direito de dizer "Eu te amo". Porque, antes do perdão, o que existe é admiração. Esse último sentimento não é o mesmo que amar. Só amamos aqueles a quem perdoamos. E, geralmente, só odiamos aos que amamos, caso contrário seríamos indiferentes.

Pena que tem sido cada vez mais difícil declarar amor no momento em que o outro não merece. Não temos coragem de tomar essa atitude, porque ela é chamada de fraqueza, coração mole. E, por medo de sermos vistos assim, camuflamos o amor com as roupas do ódio.

Perdemos a oportunidade de atualizar a gratuidade do amor de Deus na precariedade do amor humano e de surpreender o outro com nosso gesto já transformado pela graça divina.

Na sua vida, não tenha medo de ser fraco, já que a fraqueza representa capacidade de amar. Quando o outro, pelas mais diversas razões esperar pelo seu ódio, surpreenda-o com o seu amor.

Desconcerte-o e, assim, você ajudará a consertar o mundo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Espiritualidade além das fronteiras

Deus é tão superior às nossas visões limitadas, que se permite, na sua infinita Sabedoria e Bondade ser chamado pelos mais diversos nomes.... Ser Superior, Alá, Buda, Jesus Cristo, Energia Cósmica, Orixá, .... e assim Ele nos mostra que o Amor é um só, indiferente da raça, da língua, sexo e religião. E a paz de espírito vem da busca do equilíbrio de nossa mente e corpo, através do bem que cultivamos dentro de nós e entre nós.


Breve diálogo entre o teólogo brasileiro Leonardo Boff e Dalai Lama.

'No intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, na qual ambos participávamos, eu, maliciosamente, mas também com interesse teológico, lhe perguntei em meu inglês capenga:

- 'Santidade, qual é a melhor religião?'

Esperava que ele dissesse: 'É o budismo tibetano' ou 'São as religiões orientais, muito mais antigas do que o cristianismo. '

O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, me olhou bem nos olhos o que me desconcertou um pouco, por que eu sabia da malícia contida na pergunta e afirmou:

'A melhor religião é a que mais te aproxima de Deus. É aquela que te faz melhor.'

Para sair da perplexidade diante de tão sábia resposta, voltei a perguntar:

- 'O que me faz melhor?'

Respondeu ele:

- 'Aquilo que te faz mais compassivo (e aí senti a ressonância tibetana, budista, taoísta de sua resposta), aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável.. . A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...'

Calei, maravilhado, e até os dias de hoje estou ruminando sua resposta sábia e irefutável.

Leonardo Boff