quarta-feira, 22 de abril de 2009

terça-feira, 14 de abril de 2009

Academia e sociedade


Incrível como este artigo, deste link, vem de encontro ao que sempre pensei, e infelizmente, em alguns momentos presenciei.
Por isso transcrevo-o abaixo, integralmente.

Como tenho formação técnica e estou em formação acadêmica para pesquisas da minha área, vejo como necessário romper estas barreiras entre o que se pesquisa e o que se aplica na sociedade. Romper com os orgulhos e alter-egos alimentados. Contudo, um outro ponto também muito importante, que não foi relatado neste artigo abaixo, é a visão da sociedade e do governo quanto ao valor das pesquisas, porque uma pessoa graduada que se dedica integralmente à área de pesquisa recebe uma bolsa miserável, além de não ter os mesmo direitos da CLT, como férias, 13º salário, FGTS, nem auxílio saúde, vale-transporte e vale-refeição, se tornando desmotivante ingressar nas linhas de pesquisa. Eu mesmo ainda não posso me dedicar exclusivamente, e por isso, render mais em minha pesquisa, porque com o que se oferece de bolsa, não há como viver dignamente, sem a ajuda dos pais ou de outrem.

Não há favores! A sociedade precisa dos estudos do pesquisador, assim como pesquisador está a serviço da sociedade com seus estudos. É esta consciência que devemos buscar. Não há distinção entre os dois universos, há trabalho em conjunto! Para que assim, um não seja estéril e o outro paralítico!


A academia de costas para a sociedade

Por Carlos Nepomuceno

A academia está dentro da sociedade e só faz sentido quando se relaciona com ela de forma intensa. Isolada (como prefere ficar) é apenas mais uma fonte de despesas e barulho.

Fonte: Webinsider - 23/01/2009

Nós não somos estudantes de uma matéria qualquer, mas estudantes de problemas - Karl Popper.

Toda a Ciência tem um ponto de partida.

Nasce da necessidade de resolver um problema humano. Uma impossibilidade que nos leva a estudar determinado assunto.

A partir desse ponto, inventamos equipamentos (telescópios, microscópios, máquinas de raio-x) que nos permitam detalhar os objetos.

Ou inventamos ferramental teórico que nos permita compreender o que se passa e o que provavelmente acontecerá. E como podemos nos preparar para conviver com estes fatos.

Nessa linha, existem objetos inacessíveis às tecnologias atuais (o material do solo de outros planetas, por exemplo) e fenômenos novos como a Aids ou a internet, que abrem novos campos de estudo.

O problema original, entretanto, se desdobra em diversos outros e nesse caminho é normal que o problema a ser resolvido torne-se secundário em um processo virtuoso.

Existe também, o que é mais comum, que o problema fique cada vez mais distante e, por diversos fatores burocratizantes, a própria Ciência se transforme de solução em problema.

O cachorro que deveria saber onde está o rabo, virou o rabo atrás do cachorro.

Burocratiza-se a Ciência, que passa a ser um “Ministério”, com seus carimbos, burocratas, normas, regras e leis, que supostamente defendem a inovação mas muitas vezes acabam tendo o efeito contrário.

Passam anos discutindo os detalhes, sem ir ao âmago da questão, em um processo claro de neurose científica.

Me alinho com Edgar Morin quando no livro Cabeça bem-feita defende uma nova cultura científica, que resgate o sentido de orientação para a condição humana.

Não há nada pior do que uma academia fechada nela mesma, com a cabeça cheia sem conseguir articular aquele conjunto de autores de tal forma a contribuir de alguma forma com a sociedade.

A academia está dentro da sociedade e só faz sentido quando se relaciona com ela de forma intensa. Isolada (como prefere ficar) é apenas mais uma fonte de despesas e barulho.

Os problemas são uma dádiva para quem estuda. Eles ajudam a organizar o pensamento, dão um sentido de realidade às nossas viagens e nos fazem situar determinado conceito no geral das coisas, evitando a “acumulação estéril”, definida assim por Morin:

“Onde o saber é acumulado, empilhado, e não dispõe de um princípio de seleção e organização que lhe dê sentido”.

Morin defende, assim, uma educação e, por sua vez, uma Ciência que nos oriente para os problemas fundamentais de nossa própria condição e de nossa época.

O isolamento da maior parte de nossa academia, perdida nos seus falsos problemas egóicos, cria-nos ruídos. Quem deveria ajudar muitas vezes, atrapalha.

É um pouco o que diz Marcos Cavalcanti, quando defende um novo sentido para as pesquisas acadêmicas com a sua sensacional e emblemática estória do Ronco do Boi, sobre a incapacidade do sistema brasileiro de ciência e tecnologia de transformar conhecimento em valor.

Um pesquisador que estudava o ronco do boi, quando perguntado sobre o motivo da pesquisa, simplesmente respondeu: “porque eu estou a fim”.

Cavalcanti defende que “a universidade não pode continuar de costas para a sociedade, pesquisando só o que interessa aos pesquisadores”.

Eu complemento dizendo que a universidade pode criar sim problemas, está ali para isso, mas que ajude a sociedade a resolver os seus. E não criar uns tantos falsos e estéreis a seu bel prazer, financiada pela sociedade.

A arte está em fazer com que ela se aproxime da realidade com sabedoria e liberdade em um processo inovador e criativo, envolvendo todos os atores, não apenas os “de dentro”.

É preciso resgatar a ideia original da academia: um conjunto de estudiosos empenhados em melhorar a vida sobre a face da terra, reduzindo, ao máximo, o que é estudo do próprio umbigo. Concordas?

Carlos Nepomuceno - nepomuceno@pontonet.com.br - é professor, pesquisador e co-autor do livro Conhecimento em Rede (Editora Campus), coordenador do ICO, Instituto de Inteligência Coletiva e diretor da Pontonet. Mais dele no blog CNepomuceno e no Twitter.

Link: Webinsider

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Revista Nova escola: um livro oferecido em vez de esmola!


Uma coisa q sempre me surpreende é o quanto de livros há em nossas casas que não dividimos com as outras pessoas! Eu mesmo tenho alguns, e não me acanho em dizer que quero logo ter minha biblioteca particular. Um espaço de "novos horizontes"! Mas não a vejo como algo estático e empoeirado numa estante. Não a quero assim, isso seria apenas a "cultura do ter" da sociedade atual. Não, ela será viva e vai passear em todos os corações que estiverem dispostos a recebê-la. Hoje, já tenho o hábito de emprestar meus livros para amigos e vizinhos. Livros que ainda nem tive tempo de ler. Livros que me inspiraram e marcaram. Livros que me encantaram e emocionaram. Livros que expandiram os horizontes de meu mundo, e principalmente, da minha forma de pensar. E sempre quando me devolvem - sim, podem pensar que é mentira, mas nestas andanças pelo caminho, todos retornaram, e não vieram sós! Vieram com o brilho dos olhos de quem o degustou! - trocamos nossas impressões e comentamos este "universo". É muito interessante como cada qual "recebe" o livro no seu coraçãozinho. Cada qual com suas peculiaridades e diversidades. Cada qual com sua consciência e visão humana.


É bom semear cultura! Semear coisas boas, que acrescem e que edificam! No mundo já há tanta coisa que nos leva à escuridão, à aflição, ao corrompimento de valores, à frieza, ao egoísmo, à "bestialização", à superficialidade e à alienação. Podemos fazer a diferença, até em nossos pequenos atos do dia-a-dia!

Simplesmente transcrevo esta matéria, encontrada neste link, que muito me instigou a estar aqui compartilhando no blog. Sempre há uma forma de fazer um mundo melhor, mesmo que seja a partir de um único livro.

Revista Nova Escola: Gestão Escolar

Edição 221 | Abril 2009

Vale mais que um trocado

Ambulantes, pedintes e moradores de rua não esperam só por dinheiro dos motoristas parados no sinal vermelho. Sem pagar pra ver, eu vi

Rodrigo Ratier (rodrigo.ratier@abril.com.br)

CAMINHO LIVRE A cada livro oferecido em vez de esmola, um leitor descoberto.
Foto: Rogério Albuquerque.

"Dinheiro eu não tenho, mas estou aqui com uma caixa cheia de livros. Quer um?" Repeti essa oferta a pedintes, artistas circenses e vendedores ambulantes, pessoas de todas as idades que fazem dos congestionamentos da cidade de São Paulo o cenário de seu ganha-pão. A ideia surgiu de uma combinação com os colegas de NOVA ESCOLA: em vez de dinheiro, eu ofereceria um livro a quem me abordasse - e conferiria as reações.

Para começar, acomodei 45 obras variadas - do clássico Auto da Barca do Inferno, escrito por Gil Vicente, ao infantil divertidíssimo Divina Albertina, da contemporânea Christine Davenier - em uma caixa de papelão no banco do carona de meu Palio preto. Tudo pronto, hora de rodar. Em 13 oferecimentos, nenhuma recusa. E houve gente que pediu mais.

Nas ruas, tem de tudo. Diferentemente do que se pode pensar, a maioria dessas pessoas tem, sim, alguma formação escolar. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, realizada só com moradores de rua e divulgada em 2008, revelou que apenas 15% nunca estudaram. Como 74% afirmam ter sido alfabetizados, não é exagero dizer que as vias públicas são um terreno fértil para a leitura. Notei até certa familiaridade com o tema. No primeiro dia, num cruzamento do Itaim, um bairro nobre, encontrei Vitor*, 20 anos, vendedor de balas. Assim que comecei a falar, ele projetou a cabeça para dentro do veículo e examinou o acervo:

- Tem aí algum do Sidney Sheldon? Era o que eu mais curtia quando estava na cadeia. Foi lá que aprendi a ler.

Na ausência do célebre novelista americano, o critério de seleção se tornou mais simples. Vitor pegou o exemplar mais grosso da caixa e aproveitou para escolher outro - "Esse do castelo, que deve ser de mistério" - para presentear a mulher que o esperava na calçada.

Aos poucos, fui percebendo que o público mais crítico era formado por jovens, como Micaela*, 15 anos. Ela é parte do contingente de 2 mil ambulantes que batem ponto nos semáforos da cidade, de acordo com números da prefeitura de São Paulo. Num domingo, enfrentava com paçocas a 1 real uma concorrência que apinhava todos os cruzamentos da avenida Tiradentes, no centro. Fiz a pergunta de sempre. E ela respondeu:

- Hum, depende do livro. Tem algum de literatura?, provocou, antes de se decidir por Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

As crianças faziam festa (um dado vergonhoso: segundo a Prefeitura, ainda existem 1,8 mil delas nas ruas de São Paulo). Por estarem sempre acompanhadas, minha coleção diminuía a cada um desses encontros do acaso. Érico*, 9 anos, chegou com ar desconfiado pelo lado do passageiro:

- Sabe ler?, perguntei.

- Não..., disse ele, enquanto olhava a caixa. Mas, já prevendo o que poderia ganhar, reformulou a resposta:

- Sim. Sei, sim.

- Em que ano você está?

- Na 4ª B. Tio, você pode dar um para mim e outros para meus amigos?, indagou, apontando para um menino e uma menina, que já se aproximavam.

Mas o problema, como canta Paulinho da Viola, é que o sinal ia abrir. O motorista do carro da frente, indiferente à corrida desenfreada do trio, arrancou pela avenida Brasil, levando embora a mercadoria pendurada no retrovisor.

Se no momento das entregas que eu realizava se misturavam humor, drama, aventura e certo suspense, observar a reação das pessoas depois de presenteadas era como reler um livro que fica mais saboroso a cada leitura. Esquina após esquina, o enredo se repetia: enquanto eu esperava o sinal abrir, adultos e crianças, sentados no meio-fio, folheavam páginas. Pareciam se esquecer dos produtos, dos malabares, do dinheiro...

- Ganhar um livro é sempre bem-vindo. A literatura é maravilhosa, explicou, com sensibilidade, um vendedor de raquetes que dão choques em insetos.

Quase chegando ao fim da jornada literária, conheci Maria*. Carregava a pequena Vitória*, 1 ano recém-completado, e cobiçava alguns trocados num canteiro da Zona Norte da cidade. Ganhou um livro infantil e agradeceu. Avancei dois quarteirões e fiz o retorno. Então, a vi novamente. Ela lia para a menininha no colo. Espremi os olhos para tentar ver seu semblante pelo retrovisor. Acho que sorria.

* os nomes foram trocados para preservar os personagens.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Pátria Minas



Momento de nos deleitarmos com esta terra tão linda e aconchegante como a nossa Minas Gerais!

Amo respirar e viver nesta terra das montanhas, vales, cachoeiras, cidades históricas, museus, praças, parques, ruas de pedras, casarões antigos, fachadas coloniais, igrejas barrocas, capelas, procissões, fogão de lenha, pão de queijo, bolo de fubá, biscoito de polvilho, tropeiro, torresmo, tutu, macarronada, farofa, queijo minas, costelinha com canjiquinha,"ora-pro-nobis", pinga, festival de boteco, música caipira, festival da cachaça, circuito alternativo cultural, festival popular de teatro, tambor mineiro, congado, festival de coral, música ao luar, festival de inverno, barraquinhas de igreja, festas regionais, festas de São João, festas de Rodeios, festas dos padroeiros.

Segundo este link, este vídeo é um clipe da música Pátria Minas, gravado ao vivo, por Marcus Viana e Transfônica Orkestra no Palácio das Artes, em Belo Horizonte, tendo edição e finalização de imagem: Mariana Bontempo.