segunda-feira, 23 de março de 2009

Um passageiro momento de aridez


Parece irônico a arte de amar!
Quando se vê de fora da esfera, é como se tudo se repetisse!
Sonhos e fé. Fé no outro, fé em si, fé no amor.
E é nesta fé que vai se permitindo a entrega cada vez mais.
E a cada entrega uma nova descoberta.
Contudo, este filme já se vivera em outrora, e não teve um final feliz.
Por que repetí-lo, então?

Embora por vezes deseje voltar, regressar ao meu estado de amor pueril,
confesso que não temo mais os "caprichos" do amor.
Se ele for eterno, serei plenamente feliz em um.
Se ele se for um dia, eu o vivi plenamente enquanto durou.
Dor, sim. Muita. Sobrepondo em muito as belas lembranças vividas.
Estas que não poderão ser mais lembradas.
Contudo, se viveu. Aprendeu. Cresceu.

Engraçado perceber neste meu passageiro momento árido, algumas ironias já ouvidas.
Risadas de pessoas que também estão nesta aridez.
Pessoas também que já acreditaram, como todos um dia, e também sofreram.
Pessoas que se fecham para não "se perderem" mais.
Que ao nos verem assim, lúdicos com o amor, riem de nossa estupidez.
Estupidez de amar!Sim, estupidez! Por que não?
Tornamo-nos tão vulneráveis, tão crédulos, tão felizes!
Amamos, pra depois sofrer!
Sorrimos tanto, para restar apenas as lágrimas e a solidão!

As reações de quem ama são sempre as mesmas.
Brilho nos olhos. Pensamentos perdidos no ser amado.
Companherismo. Cumplicidade. Entrega. Desejo. Amor.
Encontro de corações, de almas, de corpos.
É claro que cada amor tem sua peculiaridade.
Assim, como as entregas e os encontros nem sempre acontecem da mesma forma, nem em suas totalidades e plenitudes.
Mas o foco sempre se encontra no que de belo está vivendo.
Na felicidade da escolha feita.
Nos ganhos e nas qualidades de tudo o que se têm!

As reações de perdas são sempre as mesmas também.
Tudo começa com a perda de foco. Ah, o foco!
Prende-se em tudo que se perdeu, e em todos os defeitos e incômodos.
E quando menos se espera, já se desviou do que era importante até então.
A perda sempre vem para os dois lados.
Contudo, só a sente de imediato aquele que não teve a chance, nem o tempo de sair do navio antes que ele afundasse.
Quem não teve a chance de buscar o entreterimento de um novo foco.
Então, inicia-se ou reinicia-se a trajetória da dor da perda.
A indignação de como a pessoa pode viver sem nosso amor!
A vontade de resgatar o que já não pode, e principalmente, o que não quer ser mais resgatado!
Dor, solidão! Vazio, desilusão!

E como tudo tem um tempo!E como quase tudo se vai com o tempo...
Este também "conforma" e "anestesia" a dor que se cansa de doer.
Este também prepara o coraçãozinho para o que de novo há por vir.
E quando este vem, quando chega, tudo volta a ser inebriante e luz novamente.
Num ciclo, vicioso, talvez, natural, provalvemente, que não se permite prender-se na possibilidade de nova perda, mas na capacidade de novamente amar.
E assim, numa esperança de que este ciclo não precise se repetir mais em nossas vidas, seguimos.
Doando todo nosso amor, à espera de uma reciprocidade, para assim vivê-la em toda sua magnitude.

Será realmente bobagem pensar em eterno? Será realmente pueril?
Racionalmente, talvez. Assim, como ver o amor como estupidez.
Contudo, mesmo sabendo que nada sabemos, que nada controlamos, acreditamos.
E vivemos! E amamos! Porque não importa o quanto débeis ou irracionais sejamos!
O importante é se permiter viver o que tanto clama o coração.
Permitir-se ser invadido de tamanha paz e felicidade.
Conforto da alma. Paz do espírito. Chama do corpo.
E naturalmente derreter-se, até se entregar.
Dois em um ... enquanto existir o amor!
E que este amor, nunca se acabe!
Amém.

Fim deste passageiro momento de aridez!
Que outros virão? Não tenho dúvida.
Apenas talvez para tornar ainda mais terna a minha admiração quanto à arte de amar.
Porque o que mais temos são justamente razões para o contrário.
E mesmo assim, persistimos, felizmente!
Quão triste seria o mundo sem este belo dom! Tão escuro! Tão frio!
E como não poderia ser diferente, e que assim seja sempre:
Um ode ao amor!

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