quinta-feira, 12 de março de 2009

Por que amei? Por que amar?

Por que cometi esta insanidade?
Por que abri meu coraçãozinho?
Estava ele ali tão protegido...
Só... mas protegido...
Acalentando-se apenas
nos amores platônicos
...e ideais...
...e imaginários...
e tudo era tão feliz e tão possível!

Então, pensei me render
e experimentar.
Ah, se tivesse a pílula azul de Matrix!
Ah, se pudesse voltar pra Caverna de Platão!
De fato, o problema é apenas um:
eu ia querer tomar?
eu iria querer voltar?

Quando se descobre como é bom cuidar,
como é bom ser cuidado!
Quando se descobre como é terno amar,
e muito mais quando este amar é amado também!
Ah, como é bom!

Como é doce contemplar o ser amado,
e se permitir ser acariciada, ser tocada,
deleitar-se no beijo e se entregar...
Ah, aqueles olhinhos!
Olhar para aqueles olhinhos...
Sentir aquele cheiro inebriante que brota no amar,
e degustar aquele gosto forte e saboroso de se apaixonar.
Abraçar até se derreter...
e se fundir em um.
Ouvir o último gemido,
suspiro.
Sentir o último arrepio,
o último pedido,
a última entrega.
Ah, e numa felicidade plena, se quedar,
confortavelmente,
como nunca em outro lugar,
nos braços do ser amado,
num encaixe tão perfeito,
para não querer mais se soltar.

No entanto, quase todo amor tem um fim.
E nem sempre este fim chega ao mesmo tempo para ambos.
Como dói! Como a vida se torna injusta nestas horas!
De um paraíso, para a terra de maior desalento!
Lembranças, quereres, tentativas, esperas...
E quando nada acontece a dor aumenta.
Por conseguinte, fechamos nosso coraçãozinho.
E aí de quem ousar entrar!
Momento de proteção! De medo...
Abala-se a fé... a confiança... a esperança.

Hora de voltar pro meu mundo de outrora.
Cadê a chave pra voltar? Quero meu esconderijo!
Como era doce minha vida de sentimentos platônicos...
Tão segura!
Busco, mas não o encontro.
Foi um passo sem direito a retorno.
Uma vez que se transpõe a barreira do imaginário para o real,
não se consegue mais voltar.
Quantas saudades de minha doce ingenuidade.
Tão intocada! Tão pura!

Só um buraco.
Só um buraco que resta no coraçãozinho.
Um vazio a ser preenchido.
Que se queda numa espera ansiosa.
Por vezes, aflita.
Por muitas, carente.
E recomeça-se as buscas.
A necessidade imediata de substituição.
Para que esta dor acabe logo.
Tentativas frustradas.
Mais vazios. Tantos danos.
E a cada desconstrução,
mais pedras dos entulhos se acumulam
e mais pedregoso e infértil vai ficando o coração.
Cansaço. Desânimo. Conformismo.

E quando menos se espera.
Lá está.
Novamente o coraçãozinho batendo acelerado.
A vontade crescendo no peito.
O amor brotando
e se derramando.
A felicidade de amar e se sentir amado retoma ao seu lugar.

Somos tão insanos assim?
Sabemos o que pode acontecer.
Por que tentar? Pra que arriscar?
Permitir-me tentar de novo?
Isso é sadismo? Loucura?
Ingenuidade? Fé?

Talvez seja a fé no Amor.
Talvez seja a loucura de Amar.
Embora, por mais que queiramos,
explicações ou entendimentos,
não há respostas.
Há sentimentos.
Há instinto de querer continuar.
Há vontade de seguir e amar.

Se este ciclo se repete para sempre?
Queira Deus que não.
Que em algum momento ele sossegue!
E por fim, se encerre.
E o amor permaneça!
E na sua forma mais plena,
ali amadureça.

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