segunda-feira, 11 de março de 2013

Retorno ao blog



Quanto tempo! Que saudades! Nada melhor do que começar com este lindo quadro chamado de Retorno da artista Rosah Casanova do blog de cultura Molinero.

Apesar de só postá-lo hoje.... lá vai o meu retorno...

Hoje são 12 de janeiro de 2013, e começo a escrever meu retorno ao blog, ou, mais precisamente, um retorno a mim mesmo. Estive ausente por tanto tempo deste espaço que sinto falta, mas confesso sentir um pesar maior por ter ficado afastada de mim mesmo ao ponto de não me lembrar quando me perdi de mim. Como já diria Augusto Cury

"Quando somos abandonados pelo mundo, a solidão é superável; quando somos abandonados por nós mesmos, a solidão é quase incurável."

Talvez não seja tão assim, apenas me deixei levar-me na inércia da roda da vida. Não fiz loucuras ou me joguei a aventuras insanas, não foi este tipo de perda de mim. Pelo contrário, fui me deixando ir pelo ritmo que pede a rotina, as obrigações, os compromissos. Logo eu que nunca tive o problema com a rotina, que sempre a vi como uma aliada, que nos ajuda a organizar nossa vida, principalmente eu que pouco tenho de disciplina. 

Também não estou desprezando as coisas que vivi, pelo contrário, eu vivi bons momentos, tive felizes conquistas, desbravei novos universos, e tive os meus amigos e minha família ao meu lado, mesmo quando nem eu mesmo estava ali. Ao mesmo tempo em que me sinto uma afortunada por já ter visto tantas lindas coisas, por me sentir sensível a cada barulho de rio que corre, a cada luz que brinca com as folhas das árvores, num lindo jogo de esconder e surgir, também me sinto devastada de mim, sem saber para onde ir, como ir. Sinto-me só de mim mesmo. 

Permiti-me entrar na roda louca que só as cidades grandes possuem, onde a todo tempo temos que estar nos deslocando, nos aperfeiçoando, cumprindo nossas infindáveis responsabilidades, estas que nós mesmos nos impomos para nos manter nesta roda viciosa. Certa vez recebi um email de meu amigo Danyfloyd com uma imagem muito legal que dizia algo como: perdemos muito tempo para juntarmos coisas que não precisamos. Não há problema em ter as coisas, o problema é se perder nas suas complexidades, nas suas exigências, nas suas buscas, sem nada alcançar. 

Sem falar, claro, das relações humanas, quanto mais “crescemos” mais ela nos apresenta em sua faceta mais crua, seja qual for o tipo de vínculo ali firmado e suas possibilidades e condições. As relações humanas, e seus descuidos, desgastes, feridas, cicatrizes, inconsistências e dubiedades. Um completo caos.

Ah, e como não tive, por tantas vezes, forças para ver meus amigos, força muito mais espiritual que física. Amigos de longas datas, vivências, trocas, sempre ali, mesmo quando eu estava distante, estavam ali comigo. Era fato, já me mantinha acorrentada na inércia desta solidão. 

No meio de tantos, longe de mim. Ah, mas era no aconchego da minha família que mais buscava abrigo. Lá estava eu, deleitando-me a cada momento ao lado deles. Como os amo! Momentos simples, mas, especiais em família. Ah, nada me faz tão feliz! Hoje percebo isso com mais clareza. Pena que percebi esta magia quando meu pai já não se fazia presente para me deleitar por completo. Ficam apenas as lembranças. Mas para que serve os momentos da vida do que para lembrarmos deles depois? São eles que não nos deixam perder... 

Apesar de ser apaixonada por tantas coisas, é difícil sair da inércia. Poderia fazer tantas coisas na vida que sei que estaria feliz. Amo lecionar, mas também faria outras coisas que envolvessem “agregar”, ajudar pessoas, compartilhar e integrar-me às suas vivências. Amo tudo que envolve a vida, a saúde, a natureza, a psicologia e os segredos que envolvem o mundo e as pessoas. Tantas paixões me movem, me fazem sentir viva, no entanto, só amar não é suficiente para se movimentar. Falta aquela energia, aquela força que te moveria, aquele sopro que te impulsiona. Acho que estou neste momento. Momento de buscar esta força que me lança para dentro de mim mesmo, que organiza a “minha morada” interna, para assim, ser impulsionada a sair para outras moradas. Encontrar-me para sentir-me. 

Os livros de autoajuda nunca foram minha opção literária. Nada contra. Cada qual se identifica com alguma coisa. Talvez seja a obviedade do escrito que no meu narcisismo intelectual achasse que não precisasse ouvir. Ora, quantas vezes precisamos ouvir o óbvio! Quantas vezes o óbvio só se tornar realmente óbvio quando maturado dentro de nós. Não basta ouvir e saber, é preciso, sobretudo, “parar” para sentir e deixar que lentamente estas palavras venham sendo germinadas dentro de nós. E este processo ocorre de uma forma tão sutil, que esta acomodação beira ao pueril que nos faz perguntar porque demoramos tanto.

Minha mãe, por exemplo, tem muitos livros do Augusto Cury e confesso que já li alguns trechos e encontrei muitas coisas lindas, que já me fizeram refletir, mas nunca li um de seus livros por inteiro. 

Mas neste fim de ano ao me deparar com o livroTempo de esperas – o itinerário de um florescer humano” do Pe. Fábio de Melo me senti instigada a lê-lo. Gosto muito da sobriedade filosófica, humana e espiritual do Pe. Fábio, assim como transmite uma sabedoria com uma delicadeza e um cuidado que me admira. 

Estou em um momento tão cansada de seguir, tão “relax”, que diria que estou sendo “levada” pela vida e a sua roda. E foi neste cansaço de me “bastar” sozinha, nesta busca desta entrega, desta paz que comecei a ler o livro. 

Quem nunca viveu algo assim talvez possa estar buscando, e ainda não saiba. Agora, para quem por algum momento já viveu a sua espiritualidade, seja onde e como for, e por alguma razão a deixou pelo caminho, não tem como não sentir uma constante “saudade”, como já diria a música da Celina Borges, inspirada em Santo Agostinho:

“Saudade, tanta saudade... estou com saudades... de estar com meu Deus...”

Esta música me acompanha há tanto tempo, que mesmo sentindo em alguns momentos o alento para esta saudade, não me bastava... momentos passam, a vida continua...

Faz pouco tempo, meu querido amigo PH me perguntou se eu estava indo à igreja, e ele ficou chateado pelo fato de euzinha estar tão afastada. Não que ele seja religioso, não que o problema seja eu ir ou não a igreja, mas eu entendi o que aquele ar de "desaprovação" estava querendo me dizer. Ah, meu grande amigo, sempre cuidadoso comigo. Não importa como exercite o seu lado interior, mas não o deixe de fazer. Como este sempre foi o meu lado, da nossa turma eu que sempre gostei de atuar, de participar das coisas sociais, religiosas, e isso me faz muita falta. Ainda não sei como, mas quero voltar... e sei q isso será um pouco mais complicado, e vai requere um pouco mais de tempo e trabalho.... mas quero e preciso também deste retorno...

Não que neste período de ausência não tenha lido nada ou deixado por completo minha espiritualidade, entre outras coisas que tanto gosto. 

Neste período pude conhecer e ser “cuidada” pelas Assoluc, fundada pela Irmã Natália, assim como pude ler bons livros como o “Ciúmes de Deus” de S. Hipólito Faria, uma pessoa cultíssima que tive oportunidade de conviver nos últimos tempos, através de outro casal que também tenho total admiração e carinho, S. Franklin Fonseca e sua esposa Beth. Anjos que Deus colocou na minha vida, que em simples momentos de aula, transcende o conteúdo proposto, abrangendo e acalentando o coração. 

Este meu retorno ao mundo dos livros, do meu cantinho do blog, de escrever, de minha espiritualidade, de mim mesmo estão trazendo uma tranquilidade e paz almejada há tanto. Espero que neste caminho de “volta pra mim”, eu consiga deleitar-me com prazeres esquecidos, com uma felicidade simples de estar com minha essência de forma mais integral. 

Que este ano de 2013 seja mais que um recomeço para o blog, assim como seja mais que um recomeço para mim. Que seja um ano abençoado a todos nós! Paz e bem!

Nenhum comentário: