quarta-feira, 24 de abril de 2013

Respeito



Uma das primícias deste blog é justamente promover o amor e o respeito com a vida e todas as suas formas de manifestação. Não estou aqui para julgar ninguém, quero apenas fazer um convite à reflexão.

No entanto, é lastimável qualquer forma de agressão, seja física ou verbal, em especial quando se está defendendo uma causa justa ou nobre. É como se perde-se neste momento a razão pela qual está lutando. 

Em tantos outros posts eu comentei sobre o perigo que se tem dos dominados agirem como seus repressores, quando lhes é dado a oportunidade. De alimentar o ódio dentro de si quando se sentir rejeitado ou excluído.  Do viver no exílio social, o fazer acreditar que somente seu modo de vida é o único para ser feliz e que todos os outros estão errados. Do desprezo e da raiva recebidos o fazerem acreditar que são os únicos corretos, e que qualquer ato é justificado por se encontrarem em uma minoria, e assim todos encontram-se obrigados a aceitá-los

Só que o problema não é a aceitação, por mais que este o doa, mas sim o respeito.

Hoje, um grupo de ativistas do grupo FEMEN jogou água no acerbispo de Mechelen, em Bruxelas, Andre Joseph Leonard. Em outros episódios ele também foi atacado com tortas na cara. O mesmo que reconheceu os erros do passado da Igreja e que declarou apoio às vítimas e punições aos casos de pedofilias que envolvem à Igreja

Infelizmente, assim como tantos outros, o acerbispo possui ideias conservadoras, e ao fazer declarações em seu livro associando a Aids e relações homossexuais levantou polêmica, o mesmo feito pelo pastor Silas Malafaia recentemente. Até transcrevo um dos comentários que li em um blog a respeito, que acho válido para pensar:
"...
O que assusta tanto estas "autoridades religiosas"? O que os leva a semear ódio e discordia contra pessoas que nada fizeram contra eles?
Será que estas "autoridades" irresponsáveis não sabem que alimentam mentes doentes que matam jovens nas ruas somente por sua sexualidade?
O que leva padres e pastores a lutarem diariamente contra gays e lésbicas?
Que tipo de religião condena pessoas pela prática do amor?
Ficam as perguntas... Vamos construir as respostas!    ..."

Apesar de não entender estas formas de limitar e subjugar o ser humano temos que entender que o problema não é se manifestar publicamente que não aceita as relações homoafetivas para suas vidas, e que preferem acreditar que podem "curá-las" deste mal. É a forma que pensam, que acreditam. Elas possuem este direito de pensar. Recentemente fiquei muito triste ao ver uma pessoa muito próxima a mim, estudada, não adepta ativamente a alguma religião, manifestar total aversão ao universo gay. Fiquei triste, inconformada, mas é o seu jeito de pensar, então tenho que respeitar. Inclusive, muito me surpreendi com o vídeo do pastor Silas Malafaia sobre a liberdade de expressão, com o qual concordei, apesar de não achá-lo adequado para liderar a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), um cargo que necessita de uma pessoa mais aberta ao ser humano como ele é, sem qualquer interferência ideológica.

As pessoas podem expressar suas opiniões, a liberdade lhes é garantida. Mas este direito resguardado não os isentam das sementes que germinarão. É necessário ter cuidado para não semearem ódio, intolerância e repugnância. 

Assim, como tantas outras vezes disse neste espaço, a intolerância é inaceitável, seja qual for o objeto de ódio: raça, time, sexo, preferência sexual, religião, entre tantos outros.

No entanto, há um limiar importante em qual papel eu me encontro e exerço. Se sou o subjugado, se sou a minoria, tenho que tomar cuidado para não inverter o papel deste ciclo de ódio, para não desencadear esta violência que se vê retratada nestas tristes manifestações. Se sou a maioria, tenho que ter maior compaixão com o outro, sem qualquer julgamento, evitando criar abismos nas relações e não fomentar o desprezo. 

Não há uma forma única de se viver, de amar, de acreditar. Viva as relações plurais, e o crescimento que é acrescentado com elas!

Todos nós temos o direito de sermos quem queremos ser. No entanto, não temos que impor nosso modo de vida. Apenas devemos buscar o respeito pela vida e suas formas plurais!

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