Derramo aqui a imensidão que há em mim... transbordo neste espaço a minha humanidade....
Apenas um cantinho para expressar meus devaneios, minhas inspirações e expirações... o cantinho do mundo de Corydora!
Deleitem-se!Compartilhem o que pensam! Eis minhas impressões e sensações, sejam bem-vindos!
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O FABULOSO Ouvi a história do senhor do vento Que resolveu beber a
água do mar E ainda domar o maior sentimento Sem assim seu coração se
entregar ...
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Encontros
O Laboratório de Estudos dos Militares na Política (LEMP - Universidade
Federal do Rio de Janeiro) e o Grupo de Pesquisa Estudos Políticos e
Mil...
Nando é sempre Nando.... um grande poeta da nossa música...
Coração Vago Nando Reis
Eu sei que não basta simplesmente mais uma vez dizer “I love you” Até mesmo porque “I love you “ nunca soa bem - meu ingles é péssimo Eu sei que eu gostaria de agir de um modo diferente mas você nunca pediu pra que eu fosse outro Mas quem desejaria que outro alguém além do seu amor, pra sua dor fosse remédio?
Então eu preciso te dizer que agora eu sei que até mesmo um grande amor pode não bastar Aprendi com você que no dia a dia o grande amor abrange sonho e vida real E eu quero te dizer que eu mudei que já cansei de fingir, fugir, mentir, sumir, não encarar
Não tenho dúvida, é com você que eu quero viver Mas outras dúvidas eu tenho e elas me atrapalham Não é um conceito ou um defeito, é só o meu jeito de ser
Sou um sujeito imperfeito Mas o lado esquerdo do peito Por inteiro te ofereço meu coração vago
É bom se permitir sair de casa para curtir um pouco a natureza ao nosso redor...
Em um curto momento em que sentei debaixo de uma mangueira, deixei-me envolver pela brisa que balançava meus cabelos e que trazia um novo frescor à minha alma.
Amo admirar o sol pelos galhos das árvores, num bailar silencioso. Ah, como é belo a cor da natureza de cada estação! A beleza do rio correndo sobre as pedras, apesar de todos os maltratos humanos.
E a noite... ah, como é bom! Sentir a imensidão da noite em um silêncio intrigante, com toda a riqueza da escuridão contrapondo com a luz das estrelas e a majestosa lua.
Contemplei por uns instantes a natureza que se apresentava para mim tão linda, apesar da triste intervenção humana, e mais uma vez ela me surpreendeu.
Já fui agraciada por um pica-pau fazendo seu trabalho, certa vez, assim como alguns pássaros e borboletas lindas.
Ontem fui presenteada com um tucano. Sim. Um tucano lindo voando e saltando sobre as árvores. Algo que só havia visto no Parque das Aves de Foz de Iguaçu. Mas ali ele estava, lindo, livre e leve. Com tamanha delicadeza sua presença se fazia ali.
Que este tucano, tão raro de ser contemplado, não caia nas garras de predadores, nem seja aprisionado pelo homem. Que ele assim continue, livre e belo, onde estiver agora!
Um bom presente para começar a semana! Obrigada, Natureza Mãe!
Como membro eleito da Wolesi Jirga da Província Farah, do Afeganistão, Malalai denunciou publicamente a presença de crimes de guerra por comandantes militares. Por fazer críticas explícitas ao Talibã e ao atual governo afegão de Karzai, em maio de 2007 foi suspensa do parlamento por ter “insultado” representantes do governo em uma entrevista para televisão.
Após o feito dentro do parlamento afegão, a revista americana Time colocou Malalai Joya como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, e a revista Foreign Policy elegeu a afegã entre os 100 maiores pensadores do planeta. Além disso, Joya também escreveu uma biografia com o escritor canadense Derrick O'Keefe, com o título de “Raising My Voice" (Levantando minha voz, em inglês).
Confira a entrevista com a ativista afegã na íntegra:
Terra: Imaginou que sua atitude no Parlamento ocasionaria em sua demissão? Malalai: Você sabe que nosso parlamento não é bem um parlamento, pois não é democraticamente eleito, é uma seleção e não tem significado nenhum. Não é um parlamento democrático, é totalmente governado por traficantes de drogas e pessoas selecionadas. Existe um ditado lá que diz “não é importante quem está votando, mas sim quem conta os votos”. Existe um pequeno número de pessoas selecionadas democraticamente porque, caso contrário, ficaria muito óbvio que tudo é uma fachada e eu fui um desses casos. Consegui entrar democraticamente pela porta dos fundos. Mesmo antes de eu ser expulsa, recebia ameaças de morte, ameaças de estupro, com conteúdo muito misógino. Fui ameaçada com facas e palavrões antes e depois de eleita. Fui eleita duas vezes (2003 e 2005) e eu denuncio esses traficantes. Acabei dividindo o parlamento, que é como um zoológico. Quando entrei, fizeram uma lei que se você insultasse outro membro do parlamento você seria expulso e disseram que essa lei foi feita pra mim. Foi justamente essa lei que usaram para me expulsar, o que é absolutamente ilegal porque fui eleita.
Terra: Não foram poucas as tentativas de desarmar o talibã e levá-los à política do Afeganistão. O que você acha disso? Malalai: Nestes 11 anos de ocupação o talibã tem tido uma vida muito boa no meu país. Eles são chamados para conversas de paz e negociações e tudo isso fomenta esse regime de fantoches e de fachada. Existem estupradores, investidores da máfia e todos tiveram uma vida muito boa nesses 11 anos. Todos eles estão no poder. Foram liberados de Guantánamo e voltara, para o Afeganistão para ter uma vida boa e ficar no poder. Muitas vezes, com a pressão do Ocidente, as tropas recuam justamente para manter esse regime de fachada, mas esse tipo de paz é muito mais perigosa do que a guerra de fato porque as coisas acontecem debaixo do pano. No Afeganistão queremos mais do que essa paz de fachada, queremos justiça, que respondam pelos crimes que cometeram porque nem desculpas públicas eles pedem. Na guerra civil de 92 a 96 foram 65 mil mortos só em Kabul, quando cometeram atrocidades desde estupros a bebês de 4 anos até senhoras idosas e, desde 11 de setembro essas mesmas pessoas que fizeram isso subiram ao poder. Ou seja, são terroristas negociando com terroristas. São piores que animais. Eles andam em duas patas, mas agem pior que animais de quatro patas. É como se fosse uma guerra em família. O presidente do Afeganistão não vai nem ao banheiro sem consultar a Casa Branca. Os Estados Unidos que criaram o talibã e esses traficantes, são o padrinho desses movimentos. Falo explicitamente que os Estados Unidos criaram isso e até hoje eles investem dinheiro lá e mandam recursos para manter esses interesses sujos no Afeganistão.
Terra - Qual sua expectativa para as próximas eleições no Afeganistão? Malalai - Baseado em minha experiência, será a mesma coisa que aconteceu nas últimas eleições. Nesses 11 anos eles ficaram ainda mais poderosos. Se as últimas eleições foram fraudulentas essa com certeza também será, ainda mais porque existe mais dinheiro por trás. Além disso, as pessoas recebem ameaças de morte para não participarem das eleições, ou seja, as eleições não têm significado nenhum. São apenas uma ferramenta para legitimar um poder totalmente de fachada. O burro muda, mas a cela continua a mesma, e essa cela é a Casa Branca manipulando esses fantoches e colocando quem quiser no poder.
"Todos os dias olho a morte nos olhos e quando saio de casa não espero voltar viva e isso não é uma particularidade minha, mas sim de todo meu povo"
Malalai Joya
Esse período todo de ocupação deixou uma crise enorme no país, além de ser uma atividade totalmente criminosa o que os EUA fazem por lá. Então uma pessoa como Edward Snowden vem a público para expor a natureza criminosa desses atos e eles trazem de volta alguns milhares de soldados, mas nove bases militares foram legalizadas para continuar lá, ou seja, essa influência continua no Afeganistão. É um discurso totalmente contraditório. Ao mesmo tempo que falam que vão tirar as tropas, falam em colocar 9 bases permanentes. Além desse discurso, tem um discurso de propaganda junto com as pessoas. Se os EUA saírem acontecerá uma guerra civil, pois as pessoas têm medo da época em que os traficantes comandavam. Ninguém fala sobre essa guerra civil, pois as pessoas têm medo dessa guerra civil no futuro, mas isso já está acontecendo.
A chamada comunidade internacional deu mais de US$ 65 bilhões e tudo isso foi para o bolso dos traficantes. Mais de 90% do ópio do mundo é produzido no Afeganistão e quem acaba consumindo localmente são mulheres e crianças. Mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza, pessoas vendem bebês por US$ 10. O Afeganistão é o segundo país mais corrupto do mundo e o pior país para se tornar mãe, além de uma série de fatos que mostram a violência contra as mulheres. Quem tem que ser criminalizada é a Casa Branca que está lá há 11 anos praticando crimes de guerra. O Barack Obama é o segundo Bush e ainda mais perigoso que o próprio Bush. Por isso (a ocupação) é tudo fachada. Lá no Afeganistão urinam nos corpos dos civis, por exemplo. A democracia não vem pela invasão militar, invadindo casamentos e festas, não vem pela ocupação, vem justamente com hospitais e educação”, disse.
Terra - Você disse que já sofreu sete tentativas de assassinato. Como é seu dia a dia, sua rotina? Malalai - Minha vida é totalmente diferente porque digo a verdade desde 2003. Não posso viver no silêncio. Minha vida fica mais difícil a cada dia porque continuo fazendo as denúncias. Mostro os atos desses traficantes, como uma menina de 16 anos que foi estuprada há poucos dias. Não vou ficar calada. Um dia vão conseguir me matar, mas não vão conseguir matar minhas palavras. Dois guarda-costas e eu fomos parar no hospital e quanto mais ameaças de morte eu tenho, mais determinação e coragem eu tenho. Tem um ditado afegão que diz: “a morte pode vir agora, mas não serei eu a procurá-la”. Se é que ela é inevitável, o que importa é o meu impacto na vida dos outros. Eu mudo de casa a todo momento, mas tenho muito apoio de pessoas, principalmente financeiramente, principalmente de pessoas que sofreram com a guerra. Tenho meus guarda-costas, que são muito caros, pois pago hospital e tratamento médico a eles. Não posso trabalhar por questões de segurança. É um projeto muito grande, mas consigo me virar.
Terra - Você tem medo de morrer? Malalai - É claro que quero viver. Sou uma jovem, tenho apenas 35 anos e como jovem também tenho meus desejos pessoais. Sou muito tímida para falar sobre isso, mas tenho meus desejos. Tenho muito esperança, mas entendo que faço parte de uma geração que vive na guerra. Todos os dias olho a morte nos olhos, e quando saio de casa não espero voltar viva. Isso não é uma particularidade minha, mas sim de todo meu povo. Mas eu denuncio esses crimes. Meu poder é o poder dos “desimpoderados”. Espero que essa fama que ganhei ajude no futuro do meu país, pois acredito na causa. Um dia todos nós vamos embora desse mundo, mas aceito esse fato porque a causa pela qual eu luto é boa. Quando eles me eliminarem, que não matem meus apoiadores e guarda-costas. Algumas pessoas dizem que não têm medo, mas eu não acredito. Todos querem viver e têm medo de alguma coisa. O importante para mim é lutar. Aqueles que tentam podem falhar, mas os que não tentam já falharam.
Terra - E quais são esses seus desejos pessoais? Malalai - Como uma jovem, faço parte dessa geração de guerra. Com quatro dias de vida, a Rússia ocupou meu país. Depois outras ocupações vieram. Sou de uma geração que não conhece a paz. Minha vida, perto das dificuldades do meu povo, não é nada. Por isso digo que sou tímida para falar disso. Poderia falar que gosto de música, tenho um filho, tenho sonhos para minha própria educação, ficar mais com minha família, gostaria de ter um emprego, porque hoje não posso ter. Todos os desejos que uma jovem tem, mas quando penso em mim e no meu filho, penso que ele não é melhor que outros bebês afegãos. Aceito essas dificuldades justamente por ser porta-voz do povo. É como fazer um poema de amor, mas não é o momento. Temos que dar a vida pelo país e podemos fazer um poema de amor ao nosso país. Eu não quero falar sobre o que eu amo, porque o que eu amo é meu país e meu povo.
Terra - O que acha de ser conhecida como a “mulher mais corajosa” do Afeganistão? Concorda com isso? Malalai - Isso me torna mais humilde. Eu não sou apenas uma lutando pelo meu país, como diz a música do John Lennon (Imagine). E esse mal-estar é totalmente generalizado e principalmente entre as mulheres. Vejo isso como sinônimo de apoio e solidariedade. Sinto como se estivesse seguindo o caminho de heróis do meu país e isso traz mais responsabilidade em meus ombros.
Terra - Você tem noção da importância de seu trabalho para o seu país e para o mundo? Malalai - É importante não só para mim, mas para todo Afeganistão. No mundo, a coisa mais importante é que viemos no mesmo formato, o formato de seres humanos e por isso temos que ser unidos. Quanto mais conquistas de todos, menos desafios teremos. Outro ponto importante é a conscientização. Todos temos que saber o que aconteceu na Síria, no Egito, em que um ditador entra e um povo resiste. O mundo está indo na direção certa. Essa resistência popular é um indício disso, como no Brasil. Essa vitória aqui no Brasil também é minha vitória. O que os Estados Unidos fizeram no Iraque é inesquecível e imperdoável. No mundo de hoje não há mais fronteiras, sobretudo com mídias sociais. Existe a união, a conscientização e o terceiro pé do tripé é a luta, para concretizar tudo isso. O feminismo fala sobre igualdade e não soberania. É como se a sociedade fosse um pássaro com duas asas, uma delas é o homem e a outra é mulher, voando juntas.
Joya também escreveu uma biografia com o escritor canadense Derrick O'Keefe, com o título de Raising My Voice" (Levantando minha voz, em inglês)Foto: Ricardo Matsukawa / Terra
Terra - Com a gradual retirada das tropas americanas do Afeganistão, o país terá condições e maturidade para se reerguer? Malalai - Nessas quatro décadas de guerra, precisamos de ajuda, de uma mão, mas de uma mão honesta, e não dos Estados Unidos, que têm muitos interesses por trás. Não esperamos que façam nada de bom, só que parem de fazer as coisas ruins. Acredito no poder do Estado, mas é preciso que nos deixem respirar para tomar esse poder. Houve um encontro dos traficantes recentemente na Alemanha para discutir a situação do Afeganistão, e discutiram transformar o sistema em parlamentarismo, o que significaria o feudalismo novamente. Os Estados Unidos propuseram dividir o Afeganistão em oito partes, e isso é só uma proposta. A árvore da liberdade no Afeganistão está sendo regada com sangue, infelizmente. Eu sou contra armas, mas preciso de armas para sobreviver e mandar as mensagens. Talvez se estivessem sozinhos conseguiriam se reerguer, mas não atualmente, com todos esses interesses econômicos por trás. Temos três inimigos: o Talibã, os traficantes e a ocupação. Se a ocupação sair, será um grande esforço que vai desaparecer porque é a espinha dorsal, o que sustenta tudo. É o que dá dinheiro para as outras duas. Não é que não queremos estrangeiros no nosso país, mas quem queremos são os amantes da paz, os que acreditam na democracia.
Terra - Acha viável diplomaticamente para o Brasil virar as costas para os Estados Unidos? Malalai - Acredito que deveria acontecer. É possível como países como Cuba e outros países latino-americanos, como já disse. O Brasil deveria fazer isso e levantar a voz contra os Estados Unidos, se tornar independente dessa influência, como fizeram Líbia e Egito. Isso teria um grande impacto em países que vivem em guerra, como o Afeganistão
Terra - O que acha da mulher brasileira? Acha que são livres como deveriam ser? Malalai - Não existe igualdade de gênero em nenhum lugar do mundo, nem em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos. É claro que não dá para comparar as mulheres brasileiras com as de países em guerra, como no Afeganistão, mas acredito que sofrem de maneiras diferentes. Não tem comparação, mas é justamente na união, não só das mulheres de um mesmo país, mas de vários, que isso se torna a solução. Temos um ditado muito comum no nosso país, que diz que o “direito não é uma coisa dada, mas sim conquistada, não é uma linda flor que é presenteada, você tem que lutar por isso”.
Terra - Acha que a mulher afegã e a brasileira têm coisas em comum? Malalai - É claro que a mulher, não só a brasileira, mas todas têm coisas em comum, por exemplo a violência doméstica, estupros, a luta feminista, a pobreza. E acredito que os homens devem se unir pelo direito das mulheres. As mulheres afegãs e brasileiras têm outras coisas em comum, como a interferência dos Estados Unidos, mas acima de tudo temos coisas em comum como seres humanos. Todas as pessoas que acreditam na democracia devem se unir e se levantar contra essas atrocidades.
Terra: Qual é o seu mundo ideal? Malalai: Sonho com um mundo em que haja justiça, democracia. Um mundo em que as mulheres tenham direitos, um mundo sem fronteiras, sem ditadura. Um mundo em que todos que cometeram crimes sejam julgados. Um mundo de paz e direitos iguais e que nenhum sangue seja derramado. Um mundo com educação para vida, para ponderar homens e mulheres. Você conhece o poema (sic) “I have a dream”? Esse é o meu mundo.
Certo dia, num grande castelo, com a morte do Guardião, foi preciso encontrar um substituto. O Grande Mestre convocou, então, todos os discípulos para determinar quem seria a nova sentinela. O Mestre, com muita tranqüilidade, falou:
- Assumirá o posto o primeiro que resolver o problema que vou apresentar.
Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo, e disse apenas:
- Aqui está o problema.
Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro.
O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? Neste instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre e os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e .... ZAPT...... destruiu tudo com um só golpe.
Tão logo o discípulo retornou ao seu lugar, o Mestre disse:
- Você será o novo Guardião do Castelo.
Moral da história:
Não importa qual o problema, este precisa ser eliminado. Um problema é um problema.
Por mais lindo que seja ou tenha sido, se não existir mais sentido para ele em sua vida, tem de ser suprimido.
Realmente foi muito emocionante a vinda do Papa ao Brasil, e a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) trouxe um espírito de unidade entre diferentes culturas do mundo inteiro. Em alguns dias, o mundo era um em torno do amor, da alegria e da fraternidade.
É com enorme carinho que posto aqui este lindo acontecimento vivido aqui no Brasil, e que apesar de longe, como uma expectadora a distância pude ser contagiada pelos inúmeros momentos de manifestação de fé e acolhimento tanto do povo brasileiro e do mundo todo, quanto de nosso Papa Francisco.
Um mensageiro despojado do material, capaz de contagiar a todos de esperança com seu sorriso sincero e sua tamanha delicadeza. Peregrinar e se entregar ao povo foi um gesto de quem acredita ainda no ser humano, mesmo diante de uma sociedade tão perdida em seus valores, onde a violência se sobrepõe à vida. Lá estava ele, corajoso e desprendido, não como uma afronta, mas como alguém que tem fé no outro. É bom poder ainda acreditar na humanidade.
Paz e bem!
"Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão. E todos nós somos irmãos."
"Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. [...] nunca desanime, não percam a confiança", afirmou no discurso. "A realidade pode mudar, o homem pode mudar".
"Nenhum esforço de 'pacificação' será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma"
"No coração jovem de vocês, existe o desejo de construir um mundo melhor. Acompanhei atentamente as notícias a respeito de muitos jovens que, em tantas partes do mundo, saíram pelas ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Mas, fica a pergunta: Por onde começar? Quais são os critérios para a construção de uma sociedade mais justa? Quando perguntaram a Madre Teresa de Calcutá o que devia mudar na Igreja, ela respondeu: você e eu!'
"Mas, atenção! Jesus não disse: se vocês quiserem, se tiverem tempo, mas: «Ide e fazei discípulos entre todas as nações». Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem sim; mas não nasce da vontade de domínio ou de poder, nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e nos deu não somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como homens livres, amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor."
Dias depois dos inícios dos protestos que tomaram as ruas de grandes cidades do país, a postura da polícia foi modificada (deixando de ir ao combate), os temas reinvindicados também se alteraram (muito além de R$ 0,20) e até a cobertura da imprensa, de modo geral, passou por mudanças (com mais destaques aos eventos que levaram milhares a passeatas). Uma ação de parte dos manifestantes, entretanto, não mudou: ofensas a veículos de comunicação, em especial à Rede Globo.
Em certos momentos, xingamentos foram direcionados aos repórteres globais que estavam nas ruas justamente para cobrir os protestos. No Comunique-se, repercutiu-se a notícia que, na última quinta, 13, Vandrey Pereira teve que deixar a cobertura da manifestação no Rio de Janeiro sob escolta de seguranças da empresa. Nessa segunda, 18, foi a vez de a equipe do ‘Profissão Repórter’ ouvir termos hostis contra o canal. Caco Barcellos e um cinegrafista da atração foram “expulsos” do evento.
Movimentos como o ‘Passe Livre’ e outros que surgiram nas últimas semanas são válidos. Mostram que o brasileiro, desde jovens a idosos – passando por executivos engravatados -, está cansado da atual situação. Cansou de saber que muito dinheiro público está sendo usado para realizar a Copa do Mundo mais cara da história. O povo demonstra que o momento do basta chegou. E irá às ruas quando considerar necessário. O basta, as manifestações e os gritos de guerra precisam de direção. O alvo, porém, deve ser a estrutura política do país, não a mídia.
O que manifestantes parecem não lembrar, uma vez que as ações agora vão além do aumento da passagem do transporte público, é que assuntos citados durante os protestos são de conhecimento geral graças ao trabalho da imprensa. Há anos que a editoria de esporte deixou de divulgar apenas os resultados da semana. Relatos da gastança na construção das arenas para a Copa de 2014, por exemplo, são divulgados por jornais, emissoras de rádio, TVs e portais noticiosos.
Criticar a imprensa parece ser, por vezes, o caminho mais fácil. Muitos - nem mesmo em manifestações, mas pelas redes sociais – costumam se referir a determinados veículos de comunicação como “alienadores” da sociedade. Como se fosse culpa da emissora X ou da revista Y a situação da educação do Brasil - com analfabetismo funcional e professores apanhando de alunos (citar o quesito salário desses profissionais é baixaria). Pelo contrário, a mídia denuncia e expõe essas aberrações existentes por aqui.
Relembrar casos de manifestações que tiveram sua origem (ou relação) no que foi reportado pela imprensa é importante. No impeachment de Collor, em 1992, tivemos os “Caras Pintadas”. Mas será que esse movimento existiria com a tamanha força caso tantos jornais e revistas não dedicassem espaços em suas páginas, em suas manchetes, para o que acontecia na “República de Alagoas”? Os “Caras Pintadas” iriam às ruas se a mídia não divulgasse sem cessar o esquema envolvendo PC Farias?
Avaliar a conduta da imprensa é válido em qualquer situação, em qualquer país, ainda mais em uma democracia. Mas enxergar a mídia, ou parte dela, como a grande vilã do Brasil é delírio. Repetir “Sai daqui” para Caco Barcellos ecoa até como ironia (da mais sem graça possível). Pena que, no evento dessa segunda, não foi. Ele é simplesmente o jornalista responsável pela obra que denunciou a postura agressiva – e até homicida – da Rota, tropa da Polícia Militar de São Paulo. Polícia essa que atuou contra manifestantes na semana passada.
Coube a Caco abandonar a tentativa de acompanhar o protesto realizado na capital paulista nessa segunda. Ele sabe que, em suma, a crítica não foi contra ele, mas à empresa em que trabalha. “Central Globo de Mentiras” e “Fora Globo” foram algumas das frases gritadas por manifestantes. Postura que leva a crer que foi a emissora quem prometeu durante campanha eleitoral criar o bilhete único mensal a R$ 145,00 e, depois de cinco meses à frente da Prefeitura, decidiu jogar a tarifa de ônibus para R$ 3,20.
Ir às ruas protestar é democrático. Porém, é necessário se atentar para não criar inimigos que nunca existiram e, por tabela, esquecer de quem merece ser cobrado. Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado que o diga. Antes de repudiar a Globo ou outro veículo de comunicação vale a reflexão: a mídia foi quem deixou o Brasil como está? Editor da Veja em Brasília, Daniel Pereira usou o Facebook para externar a verdade. “Acham a Globo vendida, odeiam a Veja? Paciência, mudem de canal, leiam outra revista. Ninguém é dono da verdade, e violência, qualquer violência, tem de ser condenada - e não só a policial”.
A democracia está representada nos protestos que desde a semana passada são realizados no Brasil. A democracia está representada na liberdade de expressão. Emissoras de TV, jornais e revistas não são obrigadas a elogiar ou destinar 100% de seus conteúdos para essas manifestações. Sim, a democracia também está representada nas críticas contra os meios de comunicação. Tenho certeza, contudo, ser muito melhor acompanhar grupos que clamem por “fora corrupção” do que ouvir a ira dos que gritam “fora Globo”. Se a corrupção for embora, seremos um país melhor. Se apenas a Globo - ou outra empresa de mídia - for embora, não iremos melhorar, pois com corrupção não há como ter melhorias em nada. Com corrupção, não temos plena DEMOCRACIA.
(*) Jornalista, 23 anos. Formado pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Há quatro anos no Grupo Comunique-se, onde já atuou como freelancer (inserção de conteúdo), estagiário de pesquisa, estagiário de redação e repórter. É, desde julho de 2012, subeditor do Portal Comunique-se e consultor do Comunique-se Educação.