quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Intolerância

Como já dizia, não exatamente com estas palavras, a Morte no livro A menina que roubava livros, do autor Markus Zusak: "o ser humano me assombra! É capaz de fazer coisas terríveis, mas também de atos admiráveis, mesmo que seja ao receber-me dignamente".

É realmente muito fácil cultivar o ódio e a raiva. Inclusive, estes sentimentos são poderosas armas de manipulação, como bem retratado na obra prima 1984 de Geroge Orwell, quando a raiva a um "inimigo iminente" dava vazão a todo sentimento reprimido e condicionado pelo Estado na "Hora do Ódio", que por dois minutos parava suas atividades para que a população canalizasse suas insatisfações e privações ao "causador" de todas as suas aflições. Causador este tão variável quanto à verdade controlável que se impunha veladamente.

Confesso que não tenho paciência de ler muito sobre alguns conflitos, como o Conflito da Palestina ou sobre os diversos conflitos que existem em suas mais diversas vertentes (religiosas, políticas, étnicas, sexuais, entre outras) e por uma razão bem simples: tudo é razão para odiar. O que está em questão não é a "honra" ou o "direito" de cada etnia ou grupo ou classe (mulçumana e judaica ou negra e branca ou nacionais e estrangeiros ou católicos e protestantes ou homens e mulheres ou heterossexuais e homossexuais) como se prega. O que ali se encontra é a soberba, é a vaidade. Como já dizia o diabo no filme Advogado do Diabo, perfeitamente representado por Al Paccino: a vaidade é meu pecado preferido.

O que ali se encontra é o Ode à Intolerância! Numa incessante briga, em qualquer uma das suas vertentes, de um querendo ser maior, melhor e se sobrepôr ao outro, como numa carente necessidade de se sentir mais "especial" e por isso, se sentir no direito de ter domínio sobre o outro. Qualquer desculpa, seja o desemprego, seja quem chegou primeiro na terra, seja qual "deus" que manda, qual raça ou sexo é superior, qualquer coisa é razão para odiar, colonizar, escravizar, aterrorizar, guerrear.
Sempre as mesmas desculpas, sempre o mesmo ódio, sempre as mesmas atitudes de intolerância.

Pra que cultivar tamanho ódio, impossibilitando qualquer convivência pacífica? Pra que tamanha intolerância?

Poder... sempre a vaidade do Poder...

E a população? Apenas fantoches de um circo que visa o poder.

No livro Neve de Orhan Pamuk mostra bem este circo, estes fantoches... como algumas pessoas "abraçam" a causa de impor sua verdade. Assim também, no livros A Revolução dos Bichos de George Orwell e no Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, que já os citei tantas vezes aqui, escancara as diversas faces de manipulação, que indiferente da natureza ou forma, sempre possuem como centro o repúdio generalizado ao que se opõe à forma de controle e a vaidade da supremacia de quem o possui. A discrepância dos líderes e dos liderados. A submissão velada. Todos contra todos a favor de poucos.

O que mais me entristece, como já disse outras vezes aqui, é que quando uma classe subjugada por essa intolerância e submetida a tamanhas atrocidades tem o direito de inverter a situação, e tem o domínio da situação, age igual ao seu antigo agressor. Isso pode ser visto claramente no filme Hotel Ruanda e em tantos outros meios e a todo momento, como citei neste pôst .

De todos os pps, textos, que recebi sobre este assunto, confesso que duas fotos, que fiz questão de colocar neste pôst, de um destes pps traduziram todo o meu sentimento quanto a tudo isso:


Por acaso, a criança da direita tem mais direito do que a criança da esquerda? Ou o contrário?

Deixo-vos com esta resposta no coraçãozinho de vocês.

Paz e bem!


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